sábado, 3 de dezembro de 2011

SEIS RAZÕES PARA TENTAR O PARTO NORMAL

Como a natureza quer: se o parto normal é o desfecho natural de uma gravidez, por que fugir dele antes mesmo de saber se uma cesárea é de fato indicada para o seu caso? “O ideal é que o bebê escolha o dia em que quer nascer”, diz o obstetra Luiz Fernando Leite, das maternidades Santa Joana e Pro Matre, em São Paulo. É claro que, na hora do parto, às vezes surgem complicações. Aí, sejamos justos, a cesariana pode até salvar a vida da mãe e do filho. “Mas, quando a cirurgia é agendada com muita antecedência, corre-se o risco de a criança nascer prematura, mais magra e com os músculos ainda não completamente desenvolvidos”, adverte o obstetra.

A criança respira melhor: quando passa pelo canal da vagina, o tórax do bebê é comprimido, assim como o resto do seu corpo. “Isso garante que o líquido amniótico de dentro dos seus pulmões seja expelido pela boca, facilitando o primeiro suspiro da criança na hora em que nasce”, explica Rosangela Garbers, neonatalogista do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Sem falar que as contrações uterinas estressam o bebê – e isso está longe de ser ruim. O hormônio cortisol produzido pelo organismo infantil deixa os pulmões preparados para trabalhar a todo vapor. A cesárea, por sua vez, aumenta o risco de ocorrer o que os especialistas chamam de desconforto respiratório. Esse problema pode levar a quadros de insuficiência respiratória e até favorecer a pneumonia.

Acelera a descida do leite: “Durante o trabalho de parto, o organismo da mulher libera os hormônios ocitocina e prolactina, que facilitam a apojadura”, afirma Mariano Sales Junior, da maternidade Hilda Brandão, da Santa Casa de Belo Horizonte. No caso da cesárea eletiva, a mulher pode ser submetida à cirurgia sem o menor indício de que o bebê está pronto para nascer. Daí, o organismo talvez secrete as substâncias que deflagram a produção do leite com certo atraso – de dois a cinco dias depois do nascimento do bebê. Resumo da ópera: a criança terá de esperar para ser amamentada pela mãe.

Cai o mito da dor: por mais ultrapassada que seja, a imagem de uma mãe urrando na hora do parto não sai da cabeça de muitas mulheres. Segundo Washington Rios, coordenador da maternidade de alto risco do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, não há o que temer. “A analgesia é perfeitamente capaz de controlar a dor”, afirma. Isso porque há mais de dez anos os médicos recorrem a uma estratégia que combina a anestesia raquidiana, a mesma usada na cesárea, e a peridural. “A paciente não sofre, mas também não perde totalmente a sensibilidade na região pélvica”, explica a anestesista Wanda Carneiro, diretora clínica do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Dessa forma, ela consegue sentir as contrações e até ajudar a impulsionar a criança para fora.

Recuperação a jato: 48 horas após o parto normal, a nova mamãe pode ir para casa com o seu bebê. Em alguns casos, para facilitar a saída da criança, os médicos realizam a episiotomia, um pequeno corte lateral na região do períneo, área situada entre a vagina e o ânus. Quando isso acontece, a cicatrização geralmente leva uma semana. Já quem vai de cesariana recebe alta normalmente entre 60 e 72 horas após o parto e pode levar de 30 a 40 dias para se livrar das dores.

Mais segurança: como em qualquer cirurgia, a cesárea envolve riscos de infecção e até de morte da criança. “Cerca de 12% dos bebês que nascem de cesariana vão para a UTI”, revela Renato Kalil, obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. No parto normal, esse número cai para 3%. “A sensação da cesariana é semelhante à de qualquer outra cirurgia no abdômen. É, enfim, como extrair uma porção do intestino ou operar o estômago”, compara Kalil. E, convenhamos, o clima de uma sala cirúrgica não é dos mais agradáveis: as máscaras dos médicos, a sedação, a dificuldade para se mexer...

Fonte:  http://bebe.abril.com.br/materia/seis-razoes-para-tentar-o-parto-normal

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Os estágios do trabalho de parto

Ninguém pode dizer ao certo como será a sua experiência de trabalho de parto ou quanto tempo vai durar, já que cada parto é único. Ainda assim, há muito o que você pode fazer para se preparar, especialmente se souber o que vem pela frente.

O trabalho de parto se divide em três estágios. No primeiro estágio, acontecem as contrações que levam à dilatação do colo do útero, cujo orifício abre 10 centímetros.

Depois vem o segundo estágio, o de expulsão, quando você tem de fazer força.

O terceiro estágio é a saída da placenta, depois que o bebê nasce.

Primeiro estágio: fase inicial ou pré-trabalho de parto

A fase inicial também é chamada de fase latente ou pré-trabalho de parto. O útero começa a se contrair em intervalos regulares. As contrações vão ficando cada vez mais dolorosas, o que não acontecia com as contrações de treinamento (ou de Braxton Hicks), que eram irregulares e não chegavam a doer muito.

Só para dar uma ideia geral, as contrações iniciais acontecem a cada cinco minutos ou mais e são curtas, durando entre 30 e 40 segundos. Você consegue caminhar e seguir com sua rotina normal, se desejar.

Cada mulher tem seu próprio ritmo de trabalho de parto. Algumas nem percebem as primeiras contrações e já dilataram vários centímetros quando se dão conta.

À medida que o colo do útero começa a dilatar, sua posição na pelve muda, e ele avança. Também fica mais flexível e fino.

Sinta, por exemplo, a textura do seu nariz: ele é firme. Agora sinta os seus lábios: eles são macios e flexíveis. O colo do útero originalmente é como o nariz, e tem de ficar da textura dos seus lábios.

Essas mudanças podem ocorrer no final da gravidez, antes mesmo que o trabalho de parto comece, especialmente para quem espera o primeiro filho. Dias ou horas antes do início do trabalho de parto, o colo do útero pode começar a abrir um pouco, e o "tampão de muco" que o cobre sai. Esse tampão é meio gelatinoso e pode vir com um pouco de sangue.

O que você pode fazer

Você pode ficar em casa, sair para dar uma volta a pé, assistir a um filme no vídeo, fazer os últimos preparativos, tomar um banho ou dormir um pouco. Relaxe o máximo que puder, apesar da ansiedade.

Se fizer muito tempo que você não come nada, coma algum carboidrato ao primeiro sinal de que pode ser trabalho de parto mesmo, porque depois, no hospital, os médicos preferem que se fique em jejum -- até de água.

Avise o médico sobre as contrações: ele vai querer se programar, mesmo que ainda falte bastante tempo para o parto em si. Essa fase pode durar muitas horas.

Primeiro estágio: segunda fase, o trabalho de parto ativo

Você estará em trabalho de parto ativo quando seu colo do útero tiver dilatado de 3 a 4 centímetros. As contrações vão ficando mais fortes e mais frequentes, e talvez mais longas. Elas podem chegar a intervalos de três a quatro minutos, e durar de 60 a 90 segundos.

É provável que você não consiga falar durante essas contrações. Pare e procure respirar fundo. Técnicas de respiração ajudam a manter a calma e o controle.

Entre as contrações, dá para falar de novo, andar, beber alguma coisa e se preparar para as próximas. As contrações da fase ativa abrem o colo do útero mais rapidamente, mas ainda faltam muitas horas para que a dilatação esteja completa.

O que você pode fazer

Vá para a maternidade, de preferência tendo consultado primeiro o médico por telefone. As contrações vão começar a vir uma em cima da outra. Tente ouvir o que diz o seu corpo. Será que você ficaria mais confortável numa outra posição? Ir ao banheiro ajudaria? Ou andar um pouco?

A respiração e o relaxamento são essenciais a essa altura, e seu parceiro pode ajudá-la. Um banho quente pode aliviar a dor -- há maternidades que dispõem de banheiras para isso, mas o chuveiro já ajuda.

Às vezes, em determinado momento do trabalho de parto, o colo do útero começa a dilatar menos, ou até pára. Se isso acontecer, experimente mudar de posição, ou pedir uma massagem para seu parceiro.

Caso sua bolsa não tenha rompido ainda, o médico pode sugerir estourá-la para ver se isso acelera o trabalho de parto. O processo em si não dói, mas as contrações, por outro lado, ficam mais fortes depois que a bolsa estoura.

É nessa fase também que você pode tomar uma anestesia peridural para aliviar a dor. A anestesia pode relaxá-la, facilitando a dilatação.

Primeiro estágio: terceira fase, a da transição

Na fase de transição, o colo do útero chega a 10 centímetros de dilatação. As contrações podem durar até um minuto e meio cada, vindo em intervalos de dois em dois ou de três em três minutos.

Pode ser que você tenha tremedeira, sinta frio ou enjoo (ou talvez não sinta nenhuma dessas coisas!). Para muitas mulheres, essa fase é uma experiência tão intensa que parece que o corpo dela assumiu vida própria.

O que você pode fazer

Lembre que falta pouco. Aproveite ao máximo o intervalo entre as contrações para relaxar. No meio da contração, tente achar a posição em que se sentir melhor. Mantenha a respiração ritmada (inspire pelo nariz e expire pela boca, com os lábios relaxados), e, se tiver vontade de gritar, urrar e gemer, não se acanhe.

Segundo estágio: período expulsivo

Quando o colo do útero estiver 10 centímetros dilatado, começa o trabalho duro -- e junto vem a emoção, já que a hora de você ver a carinha do seu filho está mesmo chegando.

É nesse estágio que seu útero empurra o bebê pela vagina, ou pelo canal de parto. Muitas vezes há um certo intervalo nas contrações entre o fim do primeiro estágio e o começo do segundo, e você e seu bebê podem descansar um pouco.

Quando as contrações voltarem, você vai sentir a pressão da cabeça do bebê entre suas pernas. A cada contração, quando você fizer força, ele vai descer mais um pouco na sua bacia, mas, quando a contração acabar, ele vai recuar!

Não se desespere. Desde que ele esteja avançando um pouquinho por vez, está tudo bem. Quando a cabeça do bebê estiver chegando na vagina, você vai sentir uma sensação quente, de ardor, e o médico vai anunciar que o bebê está "coroando".

A cabeça começará a sair, e pode ser que o médico peça para você parar de fazer força. Assim, o bebê nasce mais devagar, e diminui o risco de você ter lacerações no períneo, a área entre a vagina e o ânus, ou precisar de uma episiotomia, para facilitar a saída do bebê.

Se você já tem outro filho, o segundo estágio pode durar apenas de cinco a 10 minutos, mas, se este é o primeiro, pode ainda levar horas.


O que você pode fazer

Siga o que seu corpo pede e faça força quando sentir vontade. Tente não prender a respiração. Você vai ver que pode fazer força várias vezes durante uma mesma contração.

Se você recebeu a anestesia peridural, peça ao médico ou à enfermeira obstetriz para lhe dizer quando deve fazer força.

Você pode tentar mudar um pouco de posição, na medida do possível (isso pode ser difícil se você não estiver sentindo as pernas). Às vezes ficar de lado, sobre a parte esquerda do corpo, facilita a passagem do bebê pelo canal de parto.

Terceiro estágio: a saída da placenta

Depois que o bebê nasce, as contrações voltam depois de alguns minutos, mas com muito menos intensidade. Elas fazem com que a placenta se desprenda da parede uterina e caia na parte baixa do útero. É provável que você tenha vontade de fazer força.

A placenta, que sustentou o bebê durante toda a gestação, sai pela vagina junto com a bolsa de líquido amniótico vazia.

O médico vai examinar com atenção a placenta e a bolsa para ver se não sobrou nada para sair. Também vai apalpar seu abdome para verificar se o útero está se contraindo, a fim de conter o sangramento no local onde a placenta estava.

Quanto tempo vai demorar?

A saída da placenta leva entre cinco e 15 minutos na maioria dos casos, mas pode demorar mais.

O que você pode fazer?

Você não vai estar muito interessada nesse estágio, porque todas as suas atenções estarão no bebê. Só o fato de ver e pegar seu bebê, e de oferecer o seio a ele, já estimula os hormônios que ajudam a placenta a se desprender.

E depois do terceiro estágio, o que acontece?

Agora que o parto acabou, você pode se sentir trêmula por causa da adrenalina e dos ajustes que seu corpo começa a fazer imediatamente com tamanha mudança.

Ou pode se sentir nas nuvens, como se tivesse "tomado umas". Há mulheres, no entanto, que têm dificuldade de prestar muita atenção ao bebê logo depois do nascimento, principalmente se o trabalho de parto foi cansativo.

Não há nada de errado com os instintos maternais: elas estão simplesmente exaustas. Se isso acontecer com você, vá com calma. Quando estiver descansada, vai estar bem mais interessada em conhecer seu filho.

Você provavelmente estará faminta, e, depois de comemorar com a família mais próxima, pode já ligar para os amigos para dar a boa notícia.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Modelo de um plano de parto


Modelo de Plano de Parto
O Plano de Parto é uma carta, ou uma simples lista onde você relaciona tudo o que gostaria ou não gostaria que acontecesse em seu parto. Mais que um documento, é uma forma de você entrar em contato com os procedimentos normalmente relacionados com o parto e nascimento, atentando para o diálogo prévio com a equipe que irá te assistir. 
Veja aqui um exemplo de plano de parto de um casal que optou por um parto hospitalar*: 

"Estamos cientes de que o parto pode tomar diferentes rumos. Abaixo listamos nossas preferências em relação ao parto e nascimento do nosso filho, caso tudo transcorra bem. Sempre que os planos não puderem ser seguidos, gostaríamos de ser previamente avisados e consultados a respeito das alternativas.

Trabalho de parto:
-  presença de meu marido e doula.
- sem tricotomia (raspagem dos pelos pubianos) e enema (lavagem intestinal).
- sem perfusão contínua de soro e ou ocitocina
- liberdade para beber água e sucos enquanto seja tolerado.
- liberdade para caminhar e escolher a posição que quero ficar.
- liberdade para o uso ilimitado da banheira e/ou chuveiro.
- monitoramento fetal: apenas se for essencial, e não contínuo.
- analgesia: peço que não seja oferecido anestésicos ou analgésicos. Eu
  pedirei quando achar necessário.
- sem rompimento artificial de bolsa

Parto:
 - prefiro ficar de cócoras ou semi-sentada (costas apoiadas).
 - prefiro fazer força só durante as contrações, quando eu sentir vontade, em
  vez de ser guiada. Gostaria de um ambiente especialmente calmo nesta hora.
- não vou tolerar que minha barriga seja empurrada para baixo.
- episiotomia: só se for realmente necessário. Não gostaria que fosse uma
  intervenção de rotina.
- gostaria que as luzes fossem apagadas (penumbra) e o ar condicionado
  desligado na hora do nascimento. Gostaria que meu bebe nascesse em
  ambiente calmo e silencioso.
- gostaria de ter meu bebe colocado imediatamente no meu colo após o parto
  com liberdade para amamentar.
- gostaria que o pai cortasse o cordão após o mesmo ter parado de pulsar.

Após o parto:
- aguardar a expulsão espontânea da placenta, sem manobras, tração ou
  massagens. Se possível ter auxílio da amamentação.
- ter o bebê comigo o tempo todo enquanto eu estiver na sala de parto, mesmo
  para exames e avaliação.
- liberação para o apartamento o quanto antes com o bebê junto comigo. Quero
  estar ao seu lado nas primeiras horas de vida.
- alta hospitalar o quanto antes.

Cuidados com o bebê:
- administração de nitrato de prata ou antibióticos oftálmicos apenas se
  necessário e somente após o contato comigo nas primeiras horas de vida.
- administração de vitamina K oral (nos comprometemos em dar continuidade
  nas doses).
- quero fazer a amamentação sob livre demanda.
- em hipótese alguma, oferecer água glicosada, bicos ou qualquer outra coisa ao bebê.
- alojamento conjunto o tempo todo. Pedirei para levar o bebê caso esteja muito cansada ou necessite de ajuda.
- gostaria de dar o banho no meu bebê e fazer as trocas (ou eu ou meu marido).

Caso a cesárea seja necessária:
- exijo o início do trabalho de parto antes de se resolver pela cesárea.
- quero a presença da doula e de marido na sala de parto.
- anestesia: peridural, sem sedação em momento algum.
- na hora do nascimento gostaria que o campo fosse abaixado para que eu possa vê-lo nascer.
- gostaria que as luzes e ruídos fossem reduzidas e o ar condicionado desligado.
- após o nascimento, gostaria que colocassem o bebê sobre meu peito e que
  minhas mãos estejam livres para segura-lo.
- gostaria de permanecer com o bebe no contato pele a pele enquanto estiver na sala de cirurgia sendo costurada.
- também gostaria de amamentar o bebê e ter alojamento conjunto o quanto antes.      

Agradeço muito a equipe envolvida e a ajuda para tornar esse momento especial e tão importante para nós em um momento também feliz e tranqüilo como deve ser.

Muito obrigada,
Local e data,

Assinatura dos pais 

Assinatura do médico obstetra                  assinatura do pediatra


*Texto inspirado no livro "Parto Normal ou Cesárea - tudo o que as mulheres deveriam saber." , escrito por Ana Cristina Duarte e Simone Diniz, editora Unesp
http://www.despertardoparto.com.br/

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O que é o plano de parto?

O que é
O plano de parto é uma lista de itens relacionados ao parto, sobre os quais você pensou e refletiu. Isto inclui escolher onde você quer ter seu bebê, quem vai estar presente, quais são os procedimentos médicos que você aceita e quais você prefere evitar.
Nos EUA, onde começou a ser difundido, o plano funciona como uma carta, onde a gestante diz como prefere passar pelas diversas fases do trabalho de parto e como gostaria que seu bebê fosse cuidado após o nascimento.
No entanto, acreditamos que o maior valor do plano de parto é justamente propiciar uma maior reflexão e compreensão sobre o tipo de parto que você prefere. É um exercício que pode ajudá-la a definir aquilo que é importante para você, e com esta informação em mãos, fazer com que esteja mais bem preparada para conversar com seu médico. Não se trata, portanto, de uma lista de ordens, mas de um ponto de partida para a conversa.

Porque fazer
Os casais brasileiros estão percebendo cada vez mais que os médicos e profissionais da saúde bem-intencionados nem sempre têm respaldo científico que sustentem as práticas obstétricas comuns e que muitas dessas práticas são adotadas simplesmente por serem parte de uma tradição médico-hospitalar.
Nos últimos quarenta anos muitos procedimentos artificiais foram introduzidos, de modo a transformar o nascimento de evento fisiológico natural em um complicado procedimento médico no qual todo tipo de droga é usada, todo tipo de procedimento é aplicado, muitas vezes desnecessariamente e alguns dos quais potencialmente prejudiciais ao bebê e até à mãe.
Está cada vez mais claro que todos os aspectos dos cuidados médicos hospitalares tradicionais no Brasil devem ser revistos e questionados criteriosamente sob a luz do respaldo científico em relação aos possíveis efeitos sobre o bebê e a parturiente.
A gestante/parturiente tem o direito de participar das decisões que envolvem seu bem estar e o do bebê que ela está gestando, a menos que haja uma inequívoca emergência médica que impeça sua participação consciente. Ela tem o direito de saber exatamente os benefícios e prejuízos que cada procedimento, exame ou manobra médica pode provocar a ela e/ou ao seu bebê. 
Todas essas informações devem ser fornecidas com base nas evidências científicas. Abaixo você poderá se inteirar das variáveis que acontecem no atendimento ao parto, sobre as quais você pode ter alguma influência. Ao lado de cada variável, procedimento ou atitude, segue uma explicação baseada em evidências científicas.
Esses detalhes podem fazer uma grande diferença para o seu parto, tornando-o uma experiência mais intensa e enriquecedora para toda a família. Analise-as com cuidado junto ao seu parceiro e explique ao seu médico o quanto elas são importantes para você.

Fonte:  http://www.amigasdoparto.com.br/plano.html

domingo, 16 de outubro de 2011

O parto natural e humanizado


O Parto Natural e Humizado 
Dr. Heinz Roland Jakobi
 
Veio o saber médico e, em nome da defesa da vida e da ausência da dor, se apossou deste processo natural. A família insegura e despreparada fica à mercê desse saber. Temos dificuldade para entender a razão desta cultura que transformou o nascer num ato tão médico e mecânico. Não interprete que somos contra os grandes avanços da tecnologia médica. A gestante é tratada como "paciente", ou seja, submetem-se a vários exames e diagnósticos, permanecem nas filas dos consultórios e recebem receitas e remédios. Na hora do parto, a conduta médica continua prevalecendo com rotinas hospitalares rígidas, que acabam inibindo o processo natural e fisiológico, levando a inúmeras cesáreas e partos induzidos. E o pai permanece isolado desse processo, como se não tivesse nada a ver com isso. Nos hospitais privados ainda prevalece um pacto que mistura medo da dor com interesses dos profissionais e da instituição que termina numa cesárea. Na rede pública, ainda vigora um quase desprezo pela gestante. Sozinha, assustada, ela é atendida por profissionais anônimos atrás de máscaras que não dizem o nome nem esboçam um gesto amistoso. Tanto nos hospitais cinco estrelas como nas maternidades de periferia, a paciente e os familiares são os últimos a serem ouvidos. 
O parto é um processo natural, nascer é um ato natural e ecológico. É um caminho de transformação, de amor, de vencer os medos, e de dar à luz uma nova era. Por estar em seu habitat natural, vivendo intuitivamente, a maioria das espécies mamíferas nasce sem maiores problemas. Embora os mecanismos do parto do animal mamífero sejam diferentes do ser humano (porque o tamanho do cérebro nos animais é menor em relação ao do corpo), existe uma semelhança. Como seres urbanos e humanos, colocamo-nos distantes dessa natureza de bicho a que pertencemos. As mulheres modernas estão distantes do seu instinto maternal animal.
O parto, um momento da vida sexual e afetiva, um ritual de passagem e de crescimento para o ser humano, de ambos os sexos, tem sido reduzido a uma simples "ação médica" em nossa sociedade contemporânea. O ideal seria que todas as mulheres tivessem oportunidade de viver a gestação e o parto como parte de sua vida afetiva e sexual, dispondo de recursos médicos quando necessário e, ao mesmo tempo, podendo estar em contato com a natureza verdadeira do ato de dar à luz.
O parto deve ser natural, o mais expontâneo possível, com um mínimo de sofisticação na sua assistência, com o máximo de consciência e de adestramento técnico do profissional que o assiste. A melhor maneira de seguir um parto é observá-lo, sem interferir no seu andamento.
De mãe para filhas as parteiras transmitem um ensinamento valioso: para uma mulher em trabalho de parto, o mais precioso é alguém que segure sua mão e que não tenha pressa. A parturiente é quem melhor presente a hora, identifica os movimentos e sabe a melhor posição. "Quem faz nascer é a mãe mesmo", disse uma das parteiras mais antigas do Amapá. Essas regras simples são de parteiras tradicionais que aparam os mais de trezentos mil bebês que nascem por ano fora dos hospitais. O nome de "aparadeiras", conquanto seja usado pejorativamente para qualificar as curiosas, em nada as deve diminuir, pois caracteriza sua atuação: a de aparar a criança que nasce sozinha.
Observando os dados de uma favela de São Paulo, cujos partos são assistidos por uma parteira, teremos um bom exemplo de como nascer é um ato natural para as mulheres de gestação de baixo risco. Ali, as complicações e cesáreas somam 3%, as mulheres não são isoladas, não se usam medicamentos e o índice de episiotomia é de 17%. Na rede de hospitais privados, o índice de cesárea chega a 70% e, na pública 40%. A episiotomia chega a 100% nos hospitais convencionais quando se trata do primeiro filho. 
O resgate da forma de nascer, da transformação do nascimento, tão essencial e necessário, precisa ser uma iniciativa feminina e da própria classe médica. No Brasil isto já vem acontecendo, os professores Galba Araújo, Moysés e Claudio Paciornik, Fernando Estelita Lins, Hugo Sabatino, Adailton Salvatore Meira, Maria Tereza Maldonado, Emerson Godoy c. Machado, Maria Celia Del Valle, Lívia Penna, entre outros, têm trabalhado, pesquisado e escrito sobre a gestação e o parto como momentos de iniciação que deveriam ser tratados de forma especial e diferenciada. Muitas parturientes e mulheres anônimas têm procurado formas alternativas, naturais e humanizadas para terem seus filhos longe das maternidades, em suas próprias casas, sob o cuidado das parteiras tradicionais, mas são ainda minoria.
Recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1996 
Para humanizar o Parto as seguintes condutas: 
No pré-natal 
planejar onde e como o nascimento será assistido 
avaliação do risco durante a gestação 
monitoramento do bem-estar físico e emocional da mulher 
respeitar a escolha da gestante sobre o local e nascimento 
prestar informações sempre que necessário 
Na admissão 
respeitar a privacidade da mulher 
respeitar a escolha do acompanhante 
Durante o trabalho de parto 
oferecer líquidos via oral 
dar suporte emocional empático 
prestar informações sempre que necessário 
uso único de materiais descartáveis 
respeitar o direito à opinião sobre a episiotomia 
corte do cordão umbilical tardio com material estéril 
Posição durante o trabalho de parto 
encorajar a posição não deitada 
liberdade de posição e movimento 
Controle da dor 
alívio por meios não invasivos, não farmacológicos (massagens, técnicas de relaxamento, etc...) 
Monitoramento 
do bem-estar físico e emocional da mulher 
fetal, por ausculta intermitente 
do progresso do trabalho de parto por meio do partograma 
Após a dequitação 
exame de rotina da placenta 
uso de ocitócitos no terceiro estágio se há risco de hemorragia 
prevenção da hipotermia do nenê 
amamentação na primeira hora.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

B) Condutas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas

  1. Uso rotineiro de enema. 
  2. Uso rotineiro de raspagem dos pelos púbicos. 
  3. Infusão intravenosa rotineira em trabalho de parto. 
  4. Inserção profilática rotineira de cânula intravenosa. 
  5. Uso rotineiro da posição supina durante o trabalho de parto. 
  6. Exame retal. 
  7. Uso de pelvimetria radiográfica. 
  8. Administração de ocitócicos a qualquer hora antes do parto de tal modo que o efeito delas não possa ser controlado. 
  9. Uso rotineiro da posição de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto e parto. 
  10. Esforços de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o período expulsivo. 
  11. Massagens ou distensão do períneo durante o parto. 
  12. Uso de tabletes orais de ergometrina na dequitação para prevenir ou controlar hemorragias. 
  13. Uso rotineiro de ergometrina parenteral na dequitação. 
  14. Lavagem rotineira do útero depois do parto. 
  15. Revisão rotineira (exploração manual) do útero depois do parto

Recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) no Atendimento ao Parto Normal

A) Condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas
  1. Plano individual determinando onde e por quem o parto será realizado, feito em conjunto com a mulher durante a gestação, e comunicado a seu marido/ companheiro e, se aplicável, a sua família.
  2. Avaliar os fatores de risco da gravidez durante o cuidado pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde e no momento do primeiro contato com o prestador de serviços durante o trabalho de parto e parto. 
  3. Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher ao longo do trabalho de parto e parto, assim como ao término do processo do nascimento. 
  4. Oferecer líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto. 
  5. Respeitar a escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações. 
  6. Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante. 
  7. Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto. 
  8. Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto. 
  9. Respeitar a escolha da mulher quanto ao acompanhante durante o trabalho de parto e parto. 
  10. Oferecer às mulheres todas as informações e explicações  que desejarem. 
  11. Não utilizar métodos invasivos nem métodos farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto e parto e sim métodos como massagem e técnicas de relaxamento. 
  12. Fazer monitorização fetal com ausculta intermitente. 
  13. Usar materiais descartáveis ou realizar desinfeção apropriada de materiais reutilizáveis ao longo do trabalho de parto e parto. 
  14. Usar luvas no exame vaginal, durante o nascimento do bebê e na dequitação da placenta. 
  15.  Liberdade de posição e movimento durante o trabalho do parto. 
  16. Estímulo a posições não supinas (deitadas) durante o trabalho de parto e parto. 
  17. Monitorar cuidadosamente o progresso do trabalho do parto, por exemplo pelo uso do partograma da OMS. 
  18. Utilizar ocitocina profilática na terceira fase do trabalho de parto em mulheres com um risco de hemorragia pós-parto, ou que correm perigo em consequência de uma pequena perda de sangue. 
  19. Esterilizar adequadamente o corte do cordão. 
  20. Prevenir hipotermia do bebê. 
  21. Realizar precocemente contato pele a pele, entre mãe e filho, dando apoio ao início da amamentação na primeira hora do pós-parto, conforme diretrizes da OMS sobre o aleitamento materno. 
  22. Examinar rotineiramente a placenta e as membranas.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

GHUAPA no DM

Olá a todas e a todos, para quem não viu, uma das integrantes do GHUAPA deu uma entrevista ao Diário da Manhã, um jornal diário de Goiás.
Aqui segue o link, para aqueles que quiserem acompanhar a matéria
http://www.dmdigital.com.br/novo/#!/view?e=20110913&p=31

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

"Espere seu bebê querer nascer":

Sim! Alguns dias fazem muita diferença na vida do bebê. É claro que existem exceções quando a gestação passa das 39 semanas ou, então, quando há realmente um motivo médico para que uma cesárea seja feita. No entanto, o aumento exponencial do número de cesáreas eletivas (aquelas realizadas sem nenhuma necessidade), tendo como consequência bebês com problemas, tem engatilhado uma série de alertas dos médicos sobre essa irresponsabilidade – no Brasil e no exterior.

Nos Estados Unidos, segundo noticiou a Time, hospitais na Georgia, Flórida e Ohio vêm discutindo sobre o parto cirúrgico feito antes de 39 semanas. No Texas, por exemplo, para limitar os partos antes dessa época, uma legislação começou a entrar em vigor no dia 1o deste mês.

Mas será que esse é mesmo o melhor caminho?  



Para Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês (SP), esse tipo de lei significa um descrédito total da medicina. “Não deveria ter uma norma, e sim moral de todos os médicos. É ensinado em qualquer faculdade de medicina os aspectos fisiológicos do bebê na gravidez (e os riscos de ele nascer fora da hora). Então qualquer cesárea agendada sem razão e que resulte em alguma situação com o bebê é passível de processo”, diz. E reforça: “O que acontece é que, na maioria das vezes, por conveniência de algumas mães e médicos sempre há uma justificativa, mesmo que errada.”

Segundo Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein (SP), apesar do viés desse tipo de ação dos hospitais americanos ser mais no sentido de proteção e responsabilidade legal, a consequência é boa para o bebê. “Criou-se uma cultura de que o bebê está pronto com 37 semanas, porque para fins de trabalhos científicos não consideramos prematuro a partir dessa época. Só que o momento ideal de ele nascer é quando a mulher entra em trabalho de parto, nunca antes disso”, reforça Alexandre.
Tem que esperar, sim!
Logo na primeira consulta com o obstetra, você fica sabendo em qual provável semana seu bebê vai nascer, certo? E aí já começa a planejar o enxoval, a calcular de que signo ele vai ser, ver se o aniversário dele será perto de algum feriado... Até aí, tudo bem. O problema é que muitas mulheres acabam usando essa estimativa para agendar a data do parto e fazer a chamada cesárea eletiva. Com medo do parto normal, por falta de orientação profissional ou até mesmo por comodidade, a data do nascimento, muitas vezes, acaba sendo decidida previamente. E, se por um lado isso ajuda a família a organizar a chegada do bebê, por outro, a data fixa pode levar ao parto antes do tempo ideal porque não se pode descartar um possível erro no cálculo gestacional.
“É importante esperar que a mulher entre em trabalho de parto pois isso indica a maturidade do bebê e evita maiores complicações tanto para a mãe quanto para a criança”, afirma Wladimir Taborda, doutor em medicina pela Universidade Federal de São Paulo, colunista da CRESCER e autor de A Bíblia da Gravidez (CMS Editora). Se o parto for antes da hora, a criança pode desenvolver problemas respiratórios e, até mesmo, ter de passar alguns dias em uma UTI neonatal para compensar o período em que deveria ter ficado no útero.
Uma recente pesquisa mostra consequências ainda mais graves. Conduzido por cientistas da March of Dimes Foundation, organização não governamental norte-americana que encabeça diversas campanhas contra o nascimento prematuro nos Estados Unidos, o estudo analisou 46 milhões de partos. Os pesquisadores concluíram que o risco de morte é maior para os que nascem antes da 39ª semana em comparação com aqueles que chegam até o final da gestação. A taxa de mortalidade infantil foi de 3,9 para cada mil bebês nascidos vivos a partir da 37ª semana, e de 1,9 para na 40ª semana. Como você viu, mesmo que ele não seja prematuro (ou seja, nasça antes da 37ª semana), não significa que esteja pronto. E, como a cesárea é uma cirurgia, a mãe também corre riscos, como infecção, laceração acidental de algum órgão abdominal, trombose, embolia pulmonar ou hemorragia.
Ninguém está dizendo para se deixar de fazer cesáreas. Esse é um procedimento que salva vidas mas, segundo especialistas, só deve acontecer raramente (veja o quadro) . Em casos de diabetes gestacional ou problemas de pressão arterial, o médico também precisa avaliar. Caso vocês cheguem à conclusão que a cesárea é mesmo necessária, espere pelo menos o seu bebê indicar que quer nascer. O ideal é aguardar pelas contrações (que podem acontecer até a 42ª semana), sempre com acompanhamento do obstetra.
Quando a mulher entra em trabalho de parto, o bebê passa por uma preparação para nascer que começa com as contrações uterinas. Elas funcionam como um alerta para a criança, que passa a liberar substâncias para o amadurecimento final do próprio organismo, como o hormônio corticoide, que age no pulmão – se você estiver em trabalho de parto e for preciso uma cesárea de emergência, a criança já vai estar com o organismo mais pronto. Além disso, o seu corpo também estará mais preparado para amamentar graças a hormônios liberados no trabalho de parto. A segunda etapa ocorre no parto. Quando o bebê passa pelo canal vaginal, os pulmões dele sofrem uma compressão que ajuda a eliminar líquidos e fluídos que possam causar algum desconforto respiratório posterior. É por tudo isso que não vale a pena agendar uma cesárea.
Se você ficou aflita porque agendou o parto do seu bebê ou se estava pensando nessa possibilidade, tente manter a calma: você ainda tem tempo. A primeira atitude é conversar com seu companheiro e com o médico que acompanha você. Diga que deseja esperar pelo trabalho de parto. Como você viu, desde que suas condições de saúde e do bebê estejam normais, não há motivo para desistir. E aproveite para discutir com ele sobre o tipo de parto. Se você não ficar convencida que ele vai tentar o parto normal, veja se não é o caso de procurar a opinião de outro especialista ou até trocar de médico. “Bons profissionais estimulam uma segunda opinião e, inclusive, essa pode ser uma prática saudável para ajudar a diminuir a incidência de cesáreas eletivas no país”, afirma Taborda.
A CESÁREA É INDICADA QUANDO...
• Há sofrimento fetal ou o bebê tem problemas de crescimento.
• Há placenta prévia (quando essa se interpõe entre o bebê e o colo do útero) ou deslocamento prematuro de placenta.
• Existe uma obstrução vaginal (tumor).
• A mãe tem herpes genital e a lesão está ativa até um mês antes do parto.
• Em casos de gestações múltiplas (não é regra).
• A abertura da mãe for pequena para o tamanho do bebê.
• A criança está na posição atravessada ou deitada e não foi possível virá-la para a correta.
fonte: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI263731-10584,00.html

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Criação com apego

 O "attachment parenting" (criação com apego), é uma expressão cunhada pelo pediatra americano William Sears, uma filosofia baseada nos princípios da teoria do apego em psicologia do desenvolvimento. De acordo com a teoria do apego, uma forte ligação emocional com os pais durante a infância, também conhecida como apego seguro, é um precursor de relacionamentos seguros e empáticos na idade adulta.

A Teoria do Apego, originalmente proposto por John Bowlby, afirma que a criança tem uma tendência a buscar proximidade com uma pessoa e se sentir segura quando essa pessoa está presente. Em comparação, Sigmund Freud propôs que o apego era uma conseqüência da necessidade de satisfazer desejos ocultos. Na Teoria do Apego, o apego é considerado um sistema biológico e as crianças são naturalmente ligadas aos seus pais porque eles são seres sociais, não apenas porque eles precisam de outras pessoas para satisfazer seus desejos. O apego é uma parte normal e saudável do desenvolvimento infantil.

A psicóloga do desenvolvimento Mary Ainsworth criou um procedimento chamado Strange Situation (A Situação Estranha), para observar relações de apego entre mãe e filho humanos. Por 20 minutos, observou interrupções geradas no vinculo mãe / filho, e comprovou que isso afetou a exploração e o comportamento da criança ao respeito da mãe.

De acordo com Attachment Parenting International (API) há 8 princípios que propiciam o apego saudável (seguro) entre pais / tutores e a criança. Eles se apresentam como práticas para “ser pais” que podem levar a um "vínculo firme", a uma "receptividade coerente e sensível" e uma "disponibilidade física e emocional", que para a pesquisa são fatores-chave em um vínculo seguro.

Oito princípios da Criação com Apego:

O Attachment Parenting International (API), partidária da Criação com Apego do Dr. Sears, tenta promover um vínculo seguro com os filhos através de oito princípios que são identificados como metas a serem cumpridas pelos pais. Estes oito princípios são:

1- Preparação para a gravidez, o nascimento e a mater-paternagem.
2- Alimentação com amor e respeito.
3- Responder sempre com sensibilidade.
4- Praticar a Criaçao baseada no Apego.
5- Incluir esa criação também durante as noites.
6- Fornecer carinho constante.
7- Praticar a disciplina positiva.
8- Esforçar-se para o equilíbrio na vida pessoal e familiar.

Esses valores são interpretados de várias formas ao longo do movimento. Alguns pais relacionados com a Criação com Apego também optam por viver uma vida familiar natural, como o parto natural, nascimento domiciliar, criação em casa, homeschooling, movimento anti-circuncisão, ligar para a liberdade de vacinação, saúde natural, movimentos cooperativos e consumo de alimentos orgânicos, etc.

No entanto, Dr. Sears não requer que os pais sigam estritamente umas regras definidas, mas encoraja os pais a serem criativos na resposta às necessidades dos seus filhos. A Criação com Apego, fora do modelo do Dr. Sears, centra-se nas respostas que respaldam vínculos seguros.

Disciplina:

A Criação com Apego procura entender as necessidades biológicas e psicológicas das crianças e evitar expectativas não realistas sobre o comportamento da criança. Ao estabelecer limites que sejam apropriados para a idade da criança, a Criação com Apego leva em conta todas as etapas físicas e psicológicas do desenvolvimento que a criança está experimentando. Desta forma, os pais podem tentar evitar a frustração que ocorre quando eles esperam coisas que as crianças não podem fazer ainda.


A Criação com Apego afirma que é vital para a sobrevivência que a criança seja capaz de comunicar suas necessidades aos adultos e que estas sejam tratadas sem demora. O Dr. Sears adverte que enquanto a criança é pequena, é mentalmente incapaz de qualquer manipulação. Sears diz que durante o primeiro ano de vida, as necessidades e desejos de uma criança são uma mesma coisa.



O Dr. Sears e outros defensores do Attachment Parenting pensam que as necessidades não satisfeitas aparecem imediatamente tentando satisfazer o que não foi satisfeito no seu devido momento. A Criação com Apego observa o desenvolvimento, assim como a biologia da criança, para determinar as respostas psicológica e biologicamente apropriadas para cada fase dela.

Criação com Apego não significa resolver uma necessidade que a criança possa resolver por ela mesma. Significa entender quais são as necessidades, quando ocorrem, como elas mudam ao longo do tempo e das circunstâncias, e ser flexível para encontrar formas de responder apropriadamente.

Práticas similares são chamados de “criação natural”, “criação instintiva”, “criação de inmersão” ou criação no "conceito de continuum", proposto pela autora Jean Liedloff no seu livro publicado.

E você?

O que vocês opinam? Praticam a Criação com Apego? O quê tem observado nos seus filhos com esta prática ao longo dos meses ou anos?


Texto de Elena de Regoyos, disponível em: http://mamaedoula.blogspot.com/2011/06/o-que-e-criacao-com-apego-o-attachment.html

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Fases de crescimento e desenvolvimento que modificam o sono do bebê e da criança


O desenvolvimento e o crescimento do bebê no primeiro ano e além podem provocar alterações no seu sono. Veja como saltos de desenvolvimento, picos de crescimento e angústia de separação podem interferir no sono.

O primeiro ano da criança é uma fase de mudanças extraordinárias para toda a família. Esse período é excitante e desafiador, quando bebês aprendem a comunicar suas necessidades e pais aprendem como atendê-las.
Você pode pensar que o desenvolvimento do seu bebê (como aprender a rolar, engatinhar e andar) e seu crescimento não tem nada a ver com o sono, mas a verdade é que caminham juntos! Abaixo uma descrição dos fenômenos chamados saltos de desenvolvimento, picos de crescimento e angústia de separação.
Saltos de desenvolvimento
Saltos de desenvolvimento são aquisições de habilidades funcionais específicas que ocorrem em determinados períodos. O ritmo de desenvolvimento não é constante: há alguns períodos de desenvolvimento acelerado e outros onde há uma desaceleração.
Toda vez que seu bebê desenvolve uma nova habilidade, ele fica tão excitado e obcecado com a conquista que a quer praticar o tempo todo, inclusive durante o sono. Em outras palavras, um dos ‘efeitos colaterais’ desse trabalho todo que o cérebro dos bebês está fazendo é que eles não dormem tão bem quanto o fazem em períodos que não estão trabalhando em dominar uma nova habilidade. Eles podem até resistir às rotinas já estabelecidas.
No período que imediatamente antecede o chamado salto de desenvolvimento, o bebê repentinamente pode se sentir perdido no mundo, pois seus sistemas perceptivo e cognitivo mudaram, houve uma maturidade neurológica, mas não tempo hábil para adaptação às mudanças. Então o mundo lhe parece estranho, e o resultado da ansiedade gerada é geralmente desejar voltar para sua base, ao que já lhe é conhecido, ou seja, a mamãe! Em vista disso, é comum ficarem mais carentes, precisando de mais colo, e com frequência há também alterações em seu apetite e sono.
Então, nessas fases, é preciso apenas ter um pouco de paciência e empatia com o bebê - depois do processo de aquisição da nova habilidade (como rir, engatinhar, sentar, interagir, andar) o bebê dá um salto no desenvolvimento e demonstra felicidade com o final da ‘crise’. Ou seja, por um lado, o bebê fica feliz com a nova habilidade e independência que vem junto, e já é capaz de se afastar um pouco da mamãe. Por outro lado, sente angústias e receios com essa nova situação. Isso lhe traz sentimentos dúbios: é como uma ‘dança louca’ entre separação e apego, onde o bebê irá flutuar entre os dois por um período.
A duração de cada salto é variável, mas geralmente depois de algumas semanas a fase difícil passa e tudo volta à normalidade. Bebês e crianças precisam de cuidados amorosos, empatia e novas experiências, e não de brinquedos caros. Fale com seu bebê, cante, brinque com ele, leia para ele. São atividades chave para o desenvolvimento do cérebro. Os saltos no desenvolvimento não cessam na infância, mas continuam até a adolescência. (1-2).
Essas aquisições ocorrem em vários aspectos: desenvolvimento motor (aprender a usar grupos de músculos para sentar, andar, correr, ter equilíbrio corporal, mudar de posições e outros), desenvolvimento do controle motor fino(usar as mãos para comer, desenhar, se vestir, tocar um instrumento, escrever, e tantas outras coisas), linguagem(desenvolvimento da fala, uso de linguagem corporal e gestos, comunicação e entendimento do que outros dizem),desenvolvimento cognitivo [nos dois primeiros anos de acordo com Piaget ocorre o desenvolvimento sensório-motor, que inclui habilidades de pensamento como aprendizado, entendimentos, resolução de problemas, raciocínio e memória (3)] e desenvolvimento social (interagir e se relacionar com familiares, amigos e professores, mostrar cooperação e empatia).
Certa variação entre crianças é esperada, mas uma cronologia observada experimentalmente dos períodos de saltos de desenvolvimento é a seguinte:
5 semanas (1 mês): a visão do bebê melhora, ele consegue ver padrões em branco e preto, passa a se interessar mais pelo ambiente que o rodeia e consegue seguir objetos brevemente com os olhos. Passa ficar acordado por períodos um pouco maiores (cerca de 1 hora ou pouco mais entre as sonecas). É também nessa época que bebê começa a chorar com lágrimas e sorrir pela primeira vez ou com mais frequência do que antes.
8 semanas (quase 2 meses): diferenças nos sons, cheiros e sabores ficam mais perceptíveis. Ele percebe que as mãos e os pés pertencem ao corpo e começa a tentar controlar estes membros. O bebê começa também a experimentar com sua voz. É também nessa fase que o bebê começa a mostrar um pouco de sua personalidade: é agora que os pais começam a reparar quais coisas, cores e sons o bebê gosta mais. Depois desse salto o bebê vai poder virar a cabeça na direção de algo interessante e emitir sons conscientemente. Todas essas novas experiências trazem insegurança ao bebê que provavelmente procura mais o conforto do peito da mãe. Isso pode deixar a mãe preocupada se produz leite materno suficiente, o que não procede, já que a produção se ajusta à demanda (ver abaixo também sobre picos de crescimento).
12 semanas (quase 3 meses): o bebê descobre mais nuances da vida: nessa idade o bebê já pode enxergar todo um cômodo da casa, vira-se quando ouve sons altos, e consegue juntar suas mãos. Vai observar e mexer no rosto e cabelo dos pais e vai perceber que pode gritar. Depois do salto o bebê praticamente não vai mais precisar de apoio para manter a cabeça erguida. Como nos outros saltos, os pais são o porto seguro do mundo do bebê e ele se apoia nisso. Ele pode começar a reagir de maneira diferente fora de casa ou no colo de um estranho. Ao mesmo tempo que o bebê tem uma grande curiosidade em reparar no mundo que o rodeia, ele também é muito sensível às novidades e por isso se sente mais confortável e seguro nos braços dos pais.
19 semanas (4 meses e meio): por volta da 14ª. até a 17ª. semanas o bebê pode parecer mais ‘impaciente’. Esse é um dos saltos mais longos: dura cerca de 4 semanas, podendo porém se estender por até 6 semanas. O bebê chora mais, apresenta mudanças extremas de temperamento e quer mais atenção e colo. Consegue alcançar e pegar um brinquedo, sacudi-lo e colocá-lo na boca, passá-lo de uma mão para outra. Pode ganhar o primeiro dente. Os sons que o bebê emite se tornam mais nítidos e complexos, consegue fazer alguns sons como ‘baba’, ‘dada’. Tudo cheira, soa e tem gosto diferente agora. Dorme menos. Estranha as pessoas e busca maior contato corporal quando está sendo amamentado. Depois desse salto o bebê vai poder virar de costas e de barriga para baixo, e vice-versa, se arrastar pra frente ou pra trás, olhar atentamente para imagens num livro; reagir ao ver seu reflexo no espelho e reconhecer seu próprio nome.
Esse é um dos saltos de desenvolvimento mais significativos e em que um maior número de mães costuma relatar alterações no sono. Provavelmente porque o padrão de sono parecia entrar num ritmo desde que o bebê nasceu, e essa alteração é vista como uma ‘regressão’, na qual o bebê tende a acordar bastante por algumas semanas enquanto está trabalhando no salto. E uma vez que esse salto está completo há somente 1 ou 2 semanas antes de começar a trabalhar no próximo (das 26 semanas), é um longo período de sono ruim e bebê irritado nesse estágio da vida.
26 semanas (6 meses): Já na 23ª semana o bebê parece se tornar mais ‘difícil’. Ele busca maior contato corporal durante as brincadeiras. O bebê já consegue coordenar os movimentos dos braços e pernas com o resto do corpo. Senta sem apoio e põe objetos na boca. Nessa idade ele começa a entender que as coisas podem ficar dentro, fora, em cima, embaixo, atrás, na frente, e usa isso em suas brincadeiras. Ele passa a entender que quando a mamãe anda, ela vai se afastar e isso o assusta, então reclama quando a mãe sai de perto. Depois desse salto o bebê vai ficar interessado em explorar a casa, armários, gavetas, achar etiquetas, levantar tapetes para olhar o que tem embaixo. Ele se vira para prestar atenção nas vozes, consegue imitar alguns sons, rola bem em ambas direções e começa a se apoiar em algo para ficar de pé. Adquire maturidade para receber alimentos sólidos. Essa fase pode durar cerca de 4-5 semanas.
30 semanas (7 meses): o bebê tenta se jogar adiante para alcançar objetos, bate um objeto em outro. Pode começar a engatinhar, a falar algumas sílabas e entende melhor o conceito de permanência das coisas. Pode fazer sinal de tchau. Sente ansiedade com estranhos.
37 semanas (8 meses e meio): o bebê fica ‘temperamental’, tem mudanças frequentes em seu humor, de alegre para agressivo e vice-versa, ou de exageradamente amoroso para ataques de raiva em questão de momentos. Chora com mais frequência. Quer ter mais atividades e protesta se não as tem! Não quer que troquem sua fralda, chupa seus dedos. Protesta quando o contato corporal é interrompido. Dorme menos, tem menos apetite, movimenta-se menos e “fala” menos. Às vezes senta-se quieto e sonha acordado. O bebê agora começa a explorar as coisas de uma forma mais metódica. Passa a entender que as coisas podem ser classificadas, por exemplo, sabe o que é comida e o que é animal, seja ao vivo ou em um livro. Fala "mamá" e"papá" sem distinção de quem é a mãe ou o pai. Engatinha, aponta objetos, procura objetos escondidos, usa o polegar e dedo indicador para segurar objetos.
46 semanas (quase 11 meses): o bebê percebe que existe uma ordem nas coisas e atitudes, por exemplo, que se colocam sapatos nos pés e brinquedos nos armários. Ganha então uma consciência de suas próprias atitudes. Ao invés de separar objetos, passa a juntá-los. Depois desse salto o bebê vai poder apontar para algo ou pessoa a pedido seu, vai querer ‘falar’ no telefone e enfiar chaves nos buracos de chave, procurar algo que você escondeu, tentar tirar a própria roupa. Fala "mamá" e "papá" para a mãe ou pai corretamente. Levanta-se por alguns segundos, movimenta-se mais, entende o "não" e instruções simples.
55 semanas (quase 13 meses): geralmente a fase em que o bebê começa a andar - um salto no desenvolvimento bem significativo. Fala mais palavras do que "mama" e "papa". Rabisca com giz.
64 semanas (quase 15 meses): o bebê combina palavras e gestos para expressar o que precisa, come com as mãos, esvazia recipientes, coloca tampas nos recipientes apropriados, imita as pessoas, explora tudo que estiver à sua frente, inicia jogos, aponta partes do corpo quando perguntado, responde a algumas instruções (por exemplo, “me dá um beijo”), usa colher e garfo, empurra e puxa brinquedos enquanto anda, joga bola, anda de marcha a ré.
75 semanas (17 meses): o bebê usa cerca de 6 palavras regularmente, gosta de jogos de imitação, gosta de esconder brinquedos, alimenta uma boneca, joga bola, dança, separa brinquedos por cor, formato e tamanho. Olha livros sozinho e rabisca bem.

Picos de crescimento
Picos de crescimento são fenômenos que se referem ao crescimento do bebê em si, e não ao seu desenvolvimento. Nos períodos de picos os bebês começam a solicitar mais mamadas do que o usual, pois precisam de mais alimento para crescer nesse ritmo agora mais acelerado. Então o bebê que dormia longos períodos à noite pode começar a acordar mais e solicitar mais mamadas. Esta necessidade geralmente dura de poucos dias a uma semana, seguido de um retorno ao padrão menor de mamadas, mas agora com o organismo da mãe adaptado a produzir mais leite.
É muito importante respeitar a demanda aumentada de mamadas, pois somente com a livre demanda é que a produção de leite materno se ajusta perfeitamente às necessidades do bebê.
Nesses períodos a mãe pode interpretar incorretamente a maior demanda de mamadas do bebê - ela pode achar que seu leite não está sendo suficiente, ou que está ‘fraco’ e pensar que a solução para a situação é oferecer complemento de leite artificial. Porém, é um erro oferecer mamadeiras com leite artificial nesses períodos, pois isso prejudica o equilíbrio perfeito da natureza de produzir o leite conforme a demanda de mamadas. Em outras palavras, ao dar leite artificial perde-se um estímulo poderoso no peito, o organismo assim entende que não precisa daquela mamada, e passa a produzir menos e não mais como é necessário!
Períodos comuns dos picos de crescimento ocorrem por volta dos 7-10 dias, 2-3 semanas, 4-6 semanas, 3 meses, 4 meses, 6 meses e 9 meses e além. Os picos continuando acontecendo no decorrer do crescimento da criança, incluindo a adolescência, momento em que mudanças físicas e emocionais são mais notáveis.
Dra. Jeny Thomas, médica e consultora de amamentação, afiliada a Associação Americana de Pediatria e a Academia de Medicina da Amamentação reflete sobre acreditar na capacidade de amamentar o bebê:
"A maioria das mulheres não acredita que seu corpo que gerou esse lindo bebê seja capaz de amamentar o mesmo bebê. As pesquisas mostram que uso de complemento e desmame precoces estão aumentando. Por que não acreditamos no nosso corpo no pós-parto? Não sei. Mas ouço todos os dias que a mãe está complementando porque "meu leite não o satisfaz, não é suficiente." Claro que é. Bebês precisam mamar o tempo todo- e precisam estar contigo o tempo todo. Essa é sua satisfação máxima.
Um bebê mamando no peito de sua mãe está obtendo componentes para desenvolvimento de seu sistema imune, ativando seu timo, se aquecendo, se sentindo quentinho e confortável, seguro de predadores, tendo padrões de sono normais e ativando seu cérebro (ah, e inclusive) adquirindo alimento para esses processos. Eles não estão somente "famintos" – eles estão obedecendo seus instintos de sobrevivência." (4)
Ansiedade de separação
A partir de 6 a 8 meses, em média, o bebê começar a perceber que é um indivíduo separado da mãe. Essa descoberta lhe traz angústia e pânico, então ele tende a solicitar muita atenção da mãe e pode chorar mais que o usual. Essa fase se completa num longo processo que continua a se manifestar de uma forma ou outra até os dois a três anos, ou até os cinco anos, de acordo com outros especialistas.
É preciso levar a sério a intensidade dos seus sentimentos. O bebê não está “chatinho”, “grudento” nem “manhoso”. Como a mãe é o seu mundo e representa sua segurança, e como a noção de permanência (ou seja, tudo que está longe do campo de visão) não está completamente estabelecida, essa angústia é muito acentuada. A maioria das conexões nervosas no cérebro são feitas na infância e a maneira com que lidamos com as emoções do bebê tem um efeito profundo em como essas conexões se refletirão na capacidade do bebê lidar com suas próprias emoções quando for adulto. Em outras palavras, experiências na primeira infância e interação com o ambiente são as partes mais críticas no desenvolvimento do cérebro da criança. (5)
O sistema de angústia da separação, localizado no cérebro inferior, está geneticamente programado para ser hipersensível. Nos primeiros estágios da evolução humana era muito perigoso que o bebê estivesse longe da sua mãe. Se não chorasse para alertar seus pais do seu paradeiro, não conseguiria sobreviver.
Então, quando o bebê sofre pela ausência dos seus pais, no seu cérebro ativam-se as mesmas zonas que quando sofre uma dor física. Ou seja, a linguagem da perda é idêntica à linguagem da dor. Não tem sentido aliviar as dores físicas, como um corte no joelho, e não consolar as dores emocionais, como a angústia da separação. Mas, infelizmente, é isso o que fazem muitos pais, por não conseguirem aceitar que a dor emocional de seu filho é tão real como a física. Essa é uma verdade neurobiológica que todos deveríamos respeitar.
O desenvolvimento dos lóbulos frontais inibe naturalmente esse sistema de angústia de separação.
É importante entender que o período "crítico" de desenvolvimento emocional e social ocorre nos primeiros 18 meses da criança. A parte do cérebro que regula as emoções, a amídala, é formada cedo de acordo com as experiências que o cérebro recebe. O desenvolvimento de um vínculo emocional, empatia e confiança, e todos os aspectos da inteligência emocional fornecem o fundamento para desenvolvimento de outros aspectos emocionais conforme a criança cresce. Então, nutrir emocionalmente e responsivamente o bebê é importante para que a criança aprenda empatia, felicidade, otimismo e resiliência na vida.
O desenvolvimento social, que envolve auto-consciência e capacidade da criança de interagir com outros, também ocorre em etapas. Por exemplo, compartilhar brinquedos é algo que um cérebro de uma criança de 2 anos não está completamente desenvolvido para fazer bem! Então não se zangue com seu filho menor de 2 anos que não quer dividir os brinquedos. Esta capacidade social é mais comum e positiva em crianças maiores de 3 anos.(6)
Então, se se a mãe tiver que se afastar do filho pequeno para trabalhar ou por outro motivo, muito carinho, conversa, paciência e coerência nas atitudes são necessários para que ele continue tendo confiança nela e supere esse período de crise. É também muito importante certificar-se que o bebê criou um vínculo afetivo com o outro cuidador. (7)
Alguns estudos detectaram alterações a longo prazo do eixo Hipotálamo-Hipófise- Adrenal do cérebro infantil devido a separações curtas, quando a criança fica aos cuidados de uma pessoa desconhecida. Esse sistema de resposta ao estresse é fundamental para nossa capacidade de enfrentar bem o estresse na vida adulta é muito vulnerável aos efeitos adversos do estresse prematuro. (8)
Algumas pessoas justificam sua decisão de deixar o bebê desconsolado como uma forma de “inoculação de estresse”, o que significa apresentar ao bebê situações moderadamente estressantes para que aprenda a lidar com a tensão. Aqueles que afirmam que os bebês que choram por um prolongado período de tempo só sofre um estresse moderado estão enganando a si mesmos, pois livrar-se do bebê ou não consolá-lo (durante o dia ou a noite, quando choram ou pedem mais mamadas ou colo do que o usual) pode resultar em efeitos adversos permanentes no cérebro da criança. Ela pode sentir pânico, o que significa um aumento importante e perigoso das substâncias estressantes no seu cérebro, podendo resultar em uma hipersensibilização do seu sistema de medo, o que lhe afetará na sua vida adulta, causando fobias, obsessões ou comportamentos de isolamento temeroso. (9).
Algumas idéias práticas para reduzir a Angústia de Separação no seu bebê estão no artigo prévio sobre retorno ao trabalho e sono do bebê (link:http://guiadobebe.uol.com.br/bb1ano/retorno_ao_trabalho_e_o_sono_do_bebe_como_fica.htm), como praticar separações rápidas e diárias, evitar a transferência de colo para colo e entender a ansiedade de separação como um sinal positivo.
Além disso, nessa fase, procure passar todo tempo possível com seu bebê, principalmente se trabalha fora. Separe os momentos logo após o reencontro do dia de trabalho para ter dedicação exclusiva a ele. Sente confortavelmente, faça contato olho no olho, amamente, interaja com seu bebê. Você pode estar cansada e estressada depois da longa jornada de trabalho, mas se conseguir um pouco de energia para receber seu bebê com alegria, você também se sentirá melhor após alguns minutos de uma reconexão significativa. Somente depois pense no jantar, no banho e outros afazeres. Considere promover proximidade na hora de dormir se suspeita que o bebê tem acordado mais a noite por estar passando por um pico de ansiedade de separação.
Outras mudanças
Alguns acontecimentos, como o nascimento de um irmãozinho/a, introdução de alimentos novos (veja dicas de alimentação que promove o sono no artigo -link:http://guiadobebe.uol.com.br/bb1ano/comer_bem_para_dormir_bem.htm), o retorno da mãe ao trabalho e entrada em creche (veja o artigo prévio sobre esse tema - link:http://guiadobebe.uol.com.br/bb1ano/retorno_ao_trabalho_e_o_sono_do_bebe_como_fica.htm), viagens, doenças, separação dos pais, atritos com coleguinhas, ausência de um ente querido e outros podem interferir no sono da criança. Tenha muita paciência e ofereça-lhe sempre segurança, assim, gradualmente, a rotina pode ser restabelecida.
Resumindo
Saltos de desenvolvimento e picos de crescimento são eventos diferentes e sua cronologia não se sobrepõe perfeitamente, embora possam ocorrer concomitantemente.
Picos de crescimento tem a ver com alimentação (o bebê quer comer mais, inclusive a noite!) e os saltos tem a ver com desenvolvimento (o bebê pode querer comer e dormir menos).
A angústia de separação é uma fase muito crítica, talvez a mais crítica no desenvolvimento do ser humano. A partir do momento que bebês tomam ciência do mundo ao seu redor eles começam a formar relações importantes com as pessoas em suas vidas, aprendem rapidamente que certas pessoas são vitais para sua felicidade e sobrevivência, e sofrem angústias quando essas pessoas aparecerem e desaparecerem. Isso tem influência direto no seu sono, principalmente se a mãe retorna ao trabalho ou promove um desmame (ou outro tipo de separação) quando o bebê está passando pela ansiedade de separação.
Todos os fenômenos são importantes e podem alterar o sono do bebê. Mas é confortante saber que carinho, apoio, amor, colo, empatia e amamentação em livre demanda, independente da fase que se encontra, é o que o bebê precisa.
UM PLÁ SOBRE PICOS DE CRESCIMENTO

Afinal, o que significa "Growth Spurt"?
Poderíamos traduzir (não literalmente) como PICO DE CRESCIMENTO.

É um fenômeno que ocorre nos bebês e, no qual, estes solicitam mais mamadas do que de costume. Estas necessidades geralmente duram de poucos dias a uma semana, seguido de um retorno ao padrão menor de mamadas.
A mãe costuma sentir como se não desse conta de produzir leite em quantidade suficiente para o Bebê.

Períodos comuns destes "picos de crescimento" ocorrem por volta dos:
7 - 10 dias;
2 - 3 semanas;
4 - 6 semanas;
3 meses;
4 meses;
6 meses;
9 meses (em torno)
Os picos de crescimento não param no primeiro ano. Podem ocorrer no decorrer do crescimento da criança, incluindo, por exemplo, a adolescência.

Quanto mais o bebê mamar = mais leite produzirá no seio.
Estimule ambos os lados, esvaziando um lado para que depois passe pro outro seio.
Confie em sua produção. Seios murchos não significam menos leite.
Boa parte do leite é produzido na hora da mamada.
É normal, durante o pico de crescimento, que o bebê mame HORAS seguidas.

UM PLÁ SOBRE SALTO DE DESENVOLVIMENTO
Bebês não se desenvolvem em um ritmo constante, e sim irregular.

No período que imediatamente antecede um salto de desenvolvimento o bebê repentinamente pode se sentir disperso à mudanças nos sistemas perceptivo e cognitivo que não foram adaptadas ainda no organismo.
Então na tentativa de readaptação, o bebê volta à base, ou seja, à mãe, o que reflete-se em períodos de maior carência afetiva, pedem mais colo, e com frequência afetam o sono e apetite.
Depois de algumas semanas essa fase difícil é superada, e o bebê demonstra ter habilidades novas.

Uma Cronologia aproximada dos períodos de crise é:
- 5 semanas / 1 mês
- 8 semanas / quase 2 meses
- 12 semanas / quase 3 meses
- 19 semanas / 4 meses e meio
- 26 semanas / 6 meses
- 30 semanas / 7 meses
- 37 semanas / 8 meses e meio
- 46 semanas / quase 11 meses
- 55 semanas / quase 13 meses
- 64 semanas / quase 15 meses
- 75 semanas / 17 meses

Nesse período, é esperado que o bebê:
- Procure ficar mais perto da MÃE, ou seja sua base de tudo, pois é o que ele conhece melhor;
- Fique mais carente, precisando de colo, segurança e orientação maternal de perto;
- Coma mal e durma pior;
- Pode pedir para mamar com mais frequência;
- Comece a fazer coisas que não fazia antes da crise tal como rir, sentar, engatinhar, interagir...
- Demonstre felicidade com o final da crise e superação do desenvolvimento adquirido.

Essa fase difícil passa, e tudo volta a normalidade, na mesma naturalidade que iniciou.
Então, durante as crises, é só ter um pouco de paciência, carinho, cumplicidade... que logo logo passa...
Fonte: Referência 1
Edição por Andreia Mortensen e Anna Arena - GVA

Referências:
1- Hetty van de rijt, Frans Plooij. The Wonder Weeks. How to stimulate your baby's mental development and help him turn his 8 predictable, great, fussy phases into magical leaps forward. Kiddy World Promotions B.V. 2010.

2- Lopes, R.M. F., Nascimento, R.F.L.; Souza, S. G.; Mallet, L. G.; Argimon, I.I.L. Desenvolvimento Cognitivo e motor de crianças de zero a quinze meses: um estudo de revisão. 2010. 
3- Piaget, J. & Inhelder, B. The Psychology of the Child. New York: Basic Books. 1962.

4- Thomas J., The Normal Newborn and Why Breastmilk is Not Just Food. Retirado do website da pediatra e consultora de amamentação. 2010.
5- Gopnik, A., Meltzoff, A.N., and Kuhl, P.K. The Scientist in the Crib: Minds, Brains, and How Children Learn. New York: William Morrow & Co. Inc. 1999
6- Shore, R. Rethinking the Brain: New Insights into Early Development. New York: Families and Work Institute. 1997
7- Margot Sunderland. The Science of Parenting. DK Publishing Inc. 2006.
8- Brummelte S, Grunau RE, Zaidman-Zait A, Weinberg J, Nordstokke D, Cepeda IL. Cortisol levels in relation to maternal interaction and child internalizing behavior in preterm and full-term children at 18 months corrected age. Dev Psychobiol. 2010 Oct 28.
9- Pantley. E. No-Cry Separation Anxiety Solution: Gentle Ways to Make Good-Bye Easy from Six Months to Six Years. McGraw-Hill, 2010.

Por Andréia C. K. Mortensen