quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Modelo de um plano de parto


Modelo de Plano de Parto
O Plano de Parto é uma carta, ou uma simples lista onde você relaciona tudo o que gostaria ou não gostaria que acontecesse em seu parto. Mais que um documento, é uma forma de você entrar em contato com os procedimentos normalmente relacionados com o parto e nascimento, atentando para o diálogo prévio com a equipe que irá te assistir. 
Veja aqui um exemplo de plano de parto de um casal que optou por um parto hospitalar*: 

"Estamos cientes de que o parto pode tomar diferentes rumos. Abaixo listamos nossas preferências em relação ao parto e nascimento do nosso filho, caso tudo transcorra bem. Sempre que os planos não puderem ser seguidos, gostaríamos de ser previamente avisados e consultados a respeito das alternativas.

Trabalho de parto:
-  presença de meu marido e doula.
- sem tricotomia (raspagem dos pelos pubianos) e enema (lavagem intestinal).
- sem perfusão contínua de soro e ou ocitocina
- liberdade para beber água e sucos enquanto seja tolerado.
- liberdade para caminhar e escolher a posição que quero ficar.
- liberdade para o uso ilimitado da banheira e/ou chuveiro.
- monitoramento fetal: apenas se for essencial, e não contínuo.
- analgesia: peço que não seja oferecido anestésicos ou analgésicos. Eu
  pedirei quando achar necessário.
- sem rompimento artificial de bolsa

Parto:
 - prefiro ficar de cócoras ou semi-sentada (costas apoiadas).
 - prefiro fazer força só durante as contrações, quando eu sentir vontade, em
  vez de ser guiada. Gostaria de um ambiente especialmente calmo nesta hora.
- não vou tolerar que minha barriga seja empurrada para baixo.
- episiotomia: só se for realmente necessário. Não gostaria que fosse uma
  intervenção de rotina.
- gostaria que as luzes fossem apagadas (penumbra) e o ar condicionado
  desligado na hora do nascimento. Gostaria que meu bebe nascesse em
  ambiente calmo e silencioso.
- gostaria de ter meu bebe colocado imediatamente no meu colo após o parto
  com liberdade para amamentar.
- gostaria que o pai cortasse o cordão após o mesmo ter parado de pulsar.

Após o parto:
- aguardar a expulsão espontânea da placenta, sem manobras, tração ou
  massagens. Se possível ter auxílio da amamentação.
- ter o bebê comigo o tempo todo enquanto eu estiver na sala de parto, mesmo
  para exames e avaliação.
- liberação para o apartamento o quanto antes com o bebê junto comigo. Quero
  estar ao seu lado nas primeiras horas de vida.
- alta hospitalar o quanto antes.

Cuidados com o bebê:
- administração de nitrato de prata ou antibióticos oftálmicos apenas se
  necessário e somente após o contato comigo nas primeiras horas de vida.
- administração de vitamina K oral (nos comprometemos em dar continuidade
  nas doses).
- quero fazer a amamentação sob livre demanda.
- em hipótese alguma, oferecer água glicosada, bicos ou qualquer outra coisa ao bebê.
- alojamento conjunto o tempo todo. Pedirei para levar o bebê caso esteja muito cansada ou necessite de ajuda.
- gostaria de dar o banho no meu bebê e fazer as trocas (ou eu ou meu marido).

Caso a cesárea seja necessária:
- exijo o início do trabalho de parto antes de se resolver pela cesárea.
- quero a presença da doula e de marido na sala de parto.
- anestesia: peridural, sem sedação em momento algum.
- na hora do nascimento gostaria que o campo fosse abaixado para que eu possa vê-lo nascer.
- gostaria que as luzes e ruídos fossem reduzidas e o ar condicionado desligado.
- após o nascimento, gostaria que colocassem o bebê sobre meu peito e que
  minhas mãos estejam livres para segura-lo.
- gostaria de permanecer com o bebe no contato pele a pele enquanto estiver na sala de cirurgia sendo costurada.
- também gostaria de amamentar o bebê e ter alojamento conjunto o quanto antes.      

Agradeço muito a equipe envolvida e a ajuda para tornar esse momento especial e tão importante para nós em um momento também feliz e tranqüilo como deve ser.

Muito obrigada,
Local e data,

Assinatura dos pais 

Assinatura do médico obstetra                  assinatura do pediatra


*Texto inspirado no livro "Parto Normal ou Cesárea - tudo o que as mulheres deveriam saber." , escrito por Ana Cristina Duarte e Simone Diniz, editora Unesp
http://www.despertardoparto.com.br/

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O que é o plano de parto?

O que é
O plano de parto é uma lista de itens relacionados ao parto, sobre os quais você pensou e refletiu. Isto inclui escolher onde você quer ter seu bebê, quem vai estar presente, quais são os procedimentos médicos que você aceita e quais você prefere evitar.
Nos EUA, onde começou a ser difundido, o plano funciona como uma carta, onde a gestante diz como prefere passar pelas diversas fases do trabalho de parto e como gostaria que seu bebê fosse cuidado após o nascimento.
No entanto, acreditamos que o maior valor do plano de parto é justamente propiciar uma maior reflexão e compreensão sobre o tipo de parto que você prefere. É um exercício que pode ajudá-la a definir aquilo que é importante para você, e com esta informação em mãos, fazer com que esteja mais bem preparada para conversar com seu médico. Não se trata, portanto, de uma lista de ordens, mas de um ponto de partida para a conversa.

Porque fazer
Os casais brasileiros estão percebendo cada vez mais que os médicos e profissionais da saúde bem-intencionados nem sempre têm respaldo científico que sustentem as práticas obstétricas comuns e que muitas dessas práticas são adotadas simplesmente por serem parte de uma tradição médico-hospitalar.
Nos últimos quarenta anos muitos procedimentos artificiais foram introduzidos, de modo a transformar o nascimento de evento fisiológico natural em um complicado procedimento médico no qual todo tipo de droga é usada, todo tipo de procedimento é aplicado, muitas vezes desnecessariamente e alguns dos quais potencialmente prejudiciais ao bebê e até à mãe.
Está cada vez mais claro que todos os aspectos dos cuidados médicos hospitalares tradicionais no Brasil devem ser revistos e questionados criteriosamente sob a luz do respaldo científico em relação aos possíveis efeitos sobre o bebê e a parturiente.
A gestante/parturiente tem o direito de participar das decisões que envolvem seu bem estar e o do bebê que ela está gestando, a menos que haja uma inequívoca emergência médica que impeça sua participação consciente. Ela tem o direito de saber exatamente os benefícios e prejuízos que cada procedimento, exame ou manobra médica pode provocar a ela e/ou ao seu bebê. 
Todas essas informações devem ser fornecidas com base nas evidências científicas. Abaixo você poderá se inteirar das variáveis que acontecem no atendimento ao parto, sobre as quais você pode ter alguma influência. Ao lado de cada variável, procedimento ou atitude, segue uma explicação baseada em evidências científicas.
Esses detalhes podem fazer uma grande diferença para o seu parto, tornando-o uma experiência mais intensa e enriquecedora para toda a família. Analise-as com cuidado junto ao seu parceiro e explique ao seu médico o quanto elas são importantes para você.

Fonte:  http://www.amigasdoparto.com.br/plano.html

domingo, 16 de outubro de 2011

O parto natural e humanizado


O Parto Natural e Humizado 
Dr. Heinz Roland Jakobi
 
Veio o saber médico e, em nome da defesa da vida e da ausência da dor, se apossou deste processo natural. A família insegura e despreparada fica à mercê desse saber. Temos dificuldade para entender a razão desta cultura que transformou o nascer num ato tão médico e mecânico. Não interprete que somos contra os grandes avanços da tecnologia médica. A gestante é tratada como "paciente", ou seja, submetem-se a vários exames e diagnósticos, permanecem nas filas dos consultórios e recebem receitas e remédios. Na hora do parto, a conduta médica continua prevalecendo com rotinas hospitalares rígidas, que acabam inibindo o processo natural e fisiológico, levando a inúmeras cesáreas e partos induzidos. E o pai permanece isolado desse processo, como se não tivesse nada a ver com isso. Nos hospitais privados ainda prevalece um pacto que mistura medo da dor com interesses dos profissionais e da instituição que termina numa cesárea. Na rede pública, ainda vigora um quase desprezo pela gestante. Sozinha, assustada, ela é atendida por profissionais anônimos atrás de máscaras que não dizem o nome nem esboçam um gesto amistoso. Tanto nos hospitais cinco estrelas como nas maternidades de periferia, a paciente e os familiares são os últimos a serem ouvidos. 
O parto é um processo natural, nascer é um ato natural e ecológico. É um caminho de transformação, de amor, de vencer os medos, e de dar à luz uma nova era. Por estar em seu habitat natural, vivendo intuitivamente, a maioria das espécies mamíferas nasce sem maiores problemas. Embora os mecanismos do parto do animal mamífero sejam diferentes do ser humano (porque o tamanho do cérebro nos animais é menor em relação ao do corpo), existe uma semelhança. Como seres urbanos e humanos, colocamo-nos distantes dessa natureza de bicho a que pertencemos. As mulheres modernas estão distantes do seu instinto maternal animal.
O parto, um momento da vida sexual e afetiva, um ritual de passagem e de crescimento para o ser humano, de ambos os sexos, tem sido reduzido a uma simples "ação médica" em nossa sociedade contemporânea. O ideal seria que todas as mulheres tivessem oportunidade de viver a gestação e o parto como parte de sua vida afetiva e sexual, dispondo de recursos médicos quando necessário e, ao mesmo tempo, podendo estar em contato com a natureza verdadeira do ato de dar à luz.
O parto deve ser natural, o mais expontâneo possível, com um mínimo de sofisticação na sua assistência, com o máximo de consciência e de adestramento técnico do profissional que o assiste. A melhor maneira de seguir um parto é observá-lo, sem interferir no seu andamento.
De mãe para filhas as parteiras transmitem um ensinamento valioso: para uma mulher em trabalho de parto, o mais precioso é alguém que segure sua mão e que não tenha pressa. A parturiente é quem melhor presente a hora, identifica os movimentos e sabe a melhor posição. "Quem faz nascer é a mãe mesmo", disse uma das parteiras mais antigas do Amapá. Essas regras simples são de parteiras tradicionais que aparam os mais de trezentos mil bebês que nascem por ano fora dos hospitais. O nome de "aparadeiras", conquanto seja usado pejorativamente para qualificar as curiosas, em nada as deve diminuir, pois caracteriza sua atuação: a de aparar a criança que nasce sozinha.
Observando os dados de uma favela de São Paulo, cujos partos são assistidos por uma parteira, teremos um bom exemplo de como nascer é um ato natural para as mulheres de gestação de baixo risco. Ali, as complicações e cesáreas somam 3%, as mulheres não são isoladas, não se usam medicamentos e o índice de episiotomia é de 17%. Na rede de hospitais privados, o índice de cesárea chega a 70% e, na pública 40%. A episiotomia chega a 100% nos hospitais convencionais quando se trata do primeiro filho. 
O resgate da forma de nascer, da transformação do nascimento, tão essencial e necessário, precisa ser uma iniciativa feminina e da própria classe médica. No Brasil isto já vem acontecendo, os professores Galba Araújo, Moysés e Claudio Paciornik, Fernando Estelita Lins, Hugo Sabatino, Adailton Salvatore Meira, Maria Tereza Maldonado, Emerson Godoy c. Machado, Maria Celia Del Valle, Lívia Penna, entre outros, têm trabalhado, pesquisado e escrito sobre a gestação e o parto como momentos de iniciação que deveriam ser tratados de forma especial e diferenciada. Muitas parturientes e mulheres anônimas têm procurado formas alternativas, naturais e humanizadas para terem seus filhos longe das maternidades, em suas próprias casas, sob o cuidado das parteiras tradicionais, mas são ainda minoria.
Recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1996 
Para humanizar o Parto as seguintes condutas: 
No pré-natal 
planejar onde e como o nascimento será assistido 
avaliação do risco durante a gestação 
monitoramento do bem-estar físico e emocional da mulher 
respeitar a escolha da gestante sobre o local e nascimento 
prestar informações sempre que necessário 
Na admissão 
respeitar a privacidade da mulher 
respeitar a escolha do acompanhante 
Durante o trabalho de parto 
oferecer líquidos via oral 
dar suporte emocional empático 
prestar informações sempre que necessário 
uso único de materiais descartáveis 
respeitar o direito à opinião sobre a episiotomia 
corte do cordão umbilical tardio com material estéril 
Posição durante o trabalho de parto 
encorajar a posição não deitada 
liberdade de posição e movimento 
Controle da dor 
alívio por meios não invasivos, não farmacológicos (massagens, técnicas de relaxamento, etc...) 
Monitoramento 
do bem-estar físico e emocional da mulher 
fetal, por ausculta intermitente 
do progresso do trabalho de parto por meio do partograma 
Após a dequitação 
exame de rotina da placenta 
uso de ocitócitos no terceiro estágio se há risco de hemorragia 
prevenção da hipotermia do nenê 
amamentação na primeira hora.