terça-feira, 23 de agosto de 2011

Fases de crescimento e desenvolvimento que modificam o sono do bebê e da criança


O desenvolvimento e o crescimento do bebê no primeiro ano e além podem provocar alterações no seu sono. Veja como saltos de desenvolvimento, picos de crescimento e angústia de separação podem interferir no sono.

O primeiro ano da criança é uma fase de mudanças extraordinárias para toda a família. Esse período é excitante e desafiador, quando bebês aprendem a comunicar suas necessidades e pais aprendem como atendê-las.
Você pode pensar que o desenvolvimento do seu bebê (como aprender a rolar, engatinhar e andar) e seu crescimento não tem nada a ver com o sono, mas a verdade é que caminham juntos! Abaixo uma descrição dos fenômenos chamados saltos de desenvolvimento, picos de crescimento e angústia de separação.
Saltos de desenvolvimento
Saltos de desenvolvimento são aquisições de habilidades funcionais específicas que ocorrem em determinados períodos. O ritmo de desenvolvimento não é constante: há alguns períodos de desenvolvimento acelerado e outros onde há uma desaceleração.
Toda vez que seu bebê desenvolve uma nova habilidade, ele fica tão excitado e obcecado com a conquista que a quer praticar o tempo todo, inclusive durante o sono. Em outras palavras, um dos ‘efeitos colaterais’ desse trabalho todo que o cérebro dos bebês está fazendo é que eles não dormem tão bem quanto o fazem em períodos que não estão trabalhando em dominar uma nova habilidade. Eles podem até resistir às rotinas já estabelecidas.
No período que imediatamente antecede o chamado salto de desenvolvimento, o bebê repentinamente pode se sentir perdido no mundo, pois seus sistemas perceptivo e cognitivo mudaram, houve uma maturidade neurológica, mas não tempo hábil para adaptação às mudanças. Então o mundo lhe parece estranho, e o resultado da ansiedade gerada é geralmente desejar voltar para sua base, ao que já lhe é conhecido, ou seja, a mamãe! Em vista disso, é comum ficarem mais carentes, precisando de mais colo, e com frequência há também alterações em seu apetite e sono.
Então, nessas fases, é preciso apenas ter um pouco de paciência e empatia com o bebê - depois do processo de aquisição da nova habilidade (como rir, engatinhar, sentar, interagir, andar) o bebê dá um salto no desenvolvimento e demonstra felicidade com o final da ‘crise’. Ou seja, por um lado, o bebê fica feliz com a nova habilidade e independência que vem junto, e já é capaz de se afastar um pouco da mamãe. Por outro lado, sente angústias e receios com essa nova situação. Isso lhe traz sentimentos dúbios: é como uma ‘dança louca’ entre separação e apego, onde o bebê irá flutuar entre os dois por um período.
A duração de cada salto é variável, mas geralmente depois de algumas semanas a fase difícil passa e tudo volta à normalidade. Bebês e crianças precisam de cuidados amorosos, empatia e novas experiências, e não de brinquedos caros. Fale com seu bebê, cante, brinque com ele, leia para ele. São atividades chave para o desenvolvimento do cérebro. Os saltos no desenvolvimento não cessam na infância, mas continuam até a adolescência. (1-2).
Essas aquisições ocorrem em vários aspectos: desenvolvimento motor (aprender a usar grupos de músculos para sentar, andar, correr, ter equilíbrio corporal, mudar de posições e outros), desenvolvimento do controle motor fino(usar as mãos para comer, desenhar, se vestir, tocar um instrumento, escrever, e tantas outras coisas), linguagem(desenvolvimento da fala, uso de linguagem corporal e gestos, comunicação e entendimento do que outros dizem),desenvolvimento cognitivo [nos dois primeiros anos de acordo com Piaget ocorre o desenvolvimento sensório-motor, que inclui habilidades de pensamento como aprendizado, entendimentos, resolução de problemas, raciocínio e memória (3)] e desenvolvimento social (interagir e se relacionar com familiares, amigos e professores, mostrar cooperação e empatia).
Certa variação entre crianças é esperada, mas uma cronologia observada experimentalmente dos períodos de saltos de desenvolvimento é a seguinte:
5 semanas (1 mês): a visão do bebê melhora, ele consegue ver padrões em branco e preto, passa a se interessar mais pelo ambiente que o rodeia e consegue seguir objetos brevemente com os olhos. Passa ficar acordado por períodos um pouco maiores (cerca de 1 hora ou pouco mais entre as sonecas). É também nessa época que bebê começa a chorar com lágrimas e sorrir pela primeira vez ou com mais frequência do que antes.
8 semanas (quase 2 meses): diferenças nos sons, cheiros e sabores ficam mais perceptíveis. Ele percebe que as mãos e os pés pertencem ao corpo e começa a tentar controlar estes membros. O bebê começa também a experimentar com sua voz. É também nessa fase que o bebê começa a mostrar um pouco de sua personalidade: é agora que os pais começam a reparar quais coisas, cores e sons o bebê gosta mais. Depois desse salto o bebê vai poder virar a cabeça na direção de algo interessante e emitir sons conscientemente. Todas essas novas experiências trazem insegurança ao bebê que provavelmente procura mais o conforto do peito da mãe. Isso pode deixar a mãe preocupada se produz leite materno suficiente, o que não procede, já que a produção se ajusta à demanda (ver abaixo também sobre picos de crescimento).
12 semanas (quase 3 meses): o bebê descobre mais nuances da vida: nessa idade o bebê já pode enxergar todo um cômodo da casa, vira-se quando ouve sons altos, e consegue juntar suas mãos. Vai observar e mexer no rosto e cabelo dos pais e vai perceber que pode gritar. Depois do salto o bebê praticamente não vai mais precisar de apoio para manter a cabeça erguida. Como nos outros saltos, os pais são o porto seguro do mundo do bebê e ele se apoia nisso. Ele pode começar a reagir de maneira diferente fora de casa ou no colo de um estranho. Ao mesmo tempo que o bebê tem uma grande curiosidade em reparar no mundo que o rodeia, ele também é muito sensível às novidades e por isso se sente mais confortável e seguro nos braços dos pais.
19 semanas (4 meses e meio): por volta da 14ª. até a 17ª. semanas o bebê pode parecer mais ‘impaciente’. Esse é um dos saltos mais longos: dura cerca de 4 semanas, podendo porém se estender por até 6 semanas. O bebê chora mais, apresenta mudanças extremas de temperamento e quer mais atenção e colo. Consegue alcançar e pegar um brinquedo, sacudi-lo e colocá-lo na boca, passá-lo de uma mão para outra. Pode ganhar o primeiro dente. Os sons que o bebê emite se tornam mais nítidos e complexos, consegue fazer alguns sons como ‘baba’, ‘dada’. Tudo cheira, soa e tem gosto diferente agora. Dorme menos. Estranha as pessoas e busca maior contato corporal quando está sendo amamentado. Depois desse salto o bebê vai poder virar de costas e de barriga para baixo, e vice-versa, se arrastar pra frente ou pra trás, olhar atentamente para imagens num livro; reagir ao ver seu reflexo no espelho e reconhecer seu próprio nome.
Esse é um dos saltos de desenvolvimento mais significativos e em que um maior número de mães costuma relatar alterações no sono. Provavelmente porque o padrão de sono parecia entrar num ritmo desde que o bebê nasceu, e essa alteração é vista como uma ‘regressão’, na qual o bebê tende a acordar bastante por algumas semanas enquanto está trabalhando no salto. E uma vez que esse salto está completo há somente 1 ou 2 semanas antes de começar a trabalhar no próximo (das 26 semanas), é um longo período de sono ruim e bebê irritado nesse estágio da vida.
26 semanas (6 meses): Já na 23ª semana o bebê parece se tornar mais ‘difícil’. Ele busca maior contato corporal durante as brincadeiras. O bebê já consegue coordenar os movimentos dos braços e pernas com o resto do corpo. Senta sem apoio e põe objetos na boca. Nessa idade ele começa a entender que as coisas podem ficar dentro, fora, em cima, embaixo, atrás, na frente, e usa isso em suas brincadeiras. Ele passa a entender que quando a mamãe anda, ela vai se afastar e isso o assusta, então reclama quando a mãe sai de perto. Depois desse salto o bebê vai ficar interessado em explorar a casa, armários, gavetas, achar etiquetas, levantar tapetes para olhar o que tem embaixo. Ele se vira para prestar atenção nas vozes, consegue imitar alguns sons, rola bem em ambas direções e começa a se apoiar em algo para ficar de pé. Adquire maturidade para receber alimentos sólidos. Essa fase pode durar cerca de 4-5 semanas.
30 semanas (7 meses): o bebê tenta se jogar adiante para alcançar objetos, bate um objeto em outro. Pode começar a engatinhar, a falar algumas sílabas e entende melhor o conceito de permanência das coisas. Pode fazer sinal de tchau. Sente ansiedade com estranhos.
37 semanas (8 meses e meio): o bebê fica ‘temperamental’, tem mudanças frequentes em seu humor, de alegre para agressivo e vice-versa, ou de exageradamente amoroso para ataques de raiva em questão de momentos. Chora com mais frequência. Quer ter mais atividades e protesta se não as tem! Não quer que troquem sua fralda, chupa seus dedos. Protesta quando o contato corporal é interrompido. Dorme menos, tem menos apetite, movimenta-se menos e “fala” menos. Às vezes senta-se quieto e sonha acordado. O bebê agora começa a explorar as coisas de uma forma mais metódica. Passa a entender que as coisas podem ser classificadas, por exemplo, sabe o que é comida e o que é animal, seja ao vivo ou em um livro. Fala "mamá" e"papá" sem distinção de quem é a mãe ou o pai. Engatinha, aponta objetos, procura objetos escondidos, usa o polegar e dedo indicador para segurar objetos.
46 semanas (quase 11 meses): o bebê percebe que existe uma ordem nas coisas e atitudes, por exemplo, que se colocam sapatos nos pés e brinquedos nos armários. Ganha então uma consciência de suas próprias atitudes. Ao invés de separar objetos, passa a juntá-los. Depois desse salto o bebê vai poder apontar para algo ou pessoa a pedido seu, vai querer ‘falar’ no telefone e enfiar chaves nos buracos de chave, procurar algo que você escondeu, tentar tirar a própria roupa. Fala "mamá" e "papá" para a mãe ou pai corretamente. Levanta-se por alguns segundos, movimenta-se mais, entende o "não" e instruções simples.
55 semanas (quase 13 meses): geralmente a fase em que o bebê começa a andar - um salto no desenvolvimento bem significativo. Fala mais palavras do que "mama" e "papa". Rabisca com giz.
64 semanas (quase 15 meses): o bebê combina palavras e gestos para expressar o que precisa, come com as mãos, esvazia recipientes, coloca tampas nos recipientes apropriados, imita as pessoas, explora tudo que estiver à sua frente, inicia jogos, aponta partes do corpo quando perguntado, responde a algumas instruções (por exemplo, “me dá um beijo”), usa colher e garfo, empurra e puxa brinquedos enquanto anda, joga bola, anda de marcha a ré.
75 semanas (17 meses): o bebê usa cerca de 6 palavras regularmente, gosta de jogos de imitação, gosta de esconder brinquedos, alimenta uma boneca, joga bola, dança, separa brinquedos por cor, formato e tamanho. Olha livros sozinho e rabisca bem.

Picos de crescimento
Picos de crescimento são fenômenos que se referem ao crescimento do bebê em si, e não ao seu desenvolvimento. Nos períodos de picos os bebês começam a solicitar mais mamadas do que o usual, pois precisam de mais alimento para crescer nesse ritmo agora mais acelerado. Então o bebê que dormia longos períodos à noite pode começar a acordar mais e solicitar mais mamadas. Esta necessidade geralmente dura de poucos dias a uma semana, seguido de um retorno ao padrão menor de mamadas, mas agora com o organismo da mãe adaptado a produzir mais leite.
É muito importante respeitar a demanda aumentada de mamadas, pois somente com a livre demanda é que a produção de leite materno se ajusta perfeitamente às necessidades do bebê.
Nesses períodos a mãe pode interpretar incorretamente a maior demanda de mamadas do bebê - ela pode achar que seu leite não está sendo suficiente, ou que está ‘fraco’ e pensar que a solução para a situação é oferecer complemento de leite artificial. Porém, é um erro oferecer mamadeiras com leite artificial nesses períodos, pois isso prejudica o equilíbrio perfeito da natureza de produzir o leite conforme a demanda de mamadas. Em outras palavras, ao dar leite artificial perde-se um estímulo poderoso no peito, o organismo assim entende que não precisa daquela mamada, e passa a produzir menos e não mais como é necessário!
Períodos comuns dos picos de crescimento ocorrem por volta dos 7-10 dias, 2-3 semanas, 4-6 semanas, 3 meses, 4 meses, 6 meses e 9 meses e além. Os picos continuando acontecendo no decorrer do crescimento da criança, incluindo a adolescência, momento em que mudanças físicas e emocionais são mais notáveis.
Dra. Jeny Thomas, médica e consultora de amamentação, afiliada a Associação Americana de Pediatria e a Academia de Medicina da Amamentação reflete sobre acreditar na capacidade de amamentar o bebê:
"A maioria das mulheres não acredita que seu corpo que gerou esse lindo bebê seja capaz de amamentar o mesmo bebê. As pesquisas mostram que uso de complemento e desmame precoces estão aumentando. Por que não acreditamos no nosso corpo no pós-parto? Não sei. Mas ouço todos os dias que a mãe está complementando porque "meu leite não o satisfaz, não é suficiente." Claro que é. Bebês precisam mamar o tempo todo- e precisam estar contigo o tempo todo. Essa é sua satisfação máxima.
Um bebê mamando no peito de sua mãe está obtendo componentes para desenvolvimento de seu sistema imune, ativando seu timo, se aquecendo, se sentindo quentinho e confortável, seguro de predadores, tendo padrões de sono normais e ativando seu cérebro (ah, e inclusive) adquirindo alimento para esses processos. Eles não estão somente "famintos" – eles estão obedecendo seus instintos de sobrevivência." (4)
Ansiedade de separação
A partir de 6 a 8 meses, em média, o bebê começar a perceber que é um indivíduo separado da mãe. Essa descoberta lhe traz angústia e pânico, então ele tende a solicitar muita atenção da mãe e pode chorar mais que o usual. Essa fase se completa num longo processo que continua a se manifestar de uma forma ou outra até os dois a três anos, ou até os cinco anos, de acordo com outros especialistas.
É preciso levar a sério a intensidade dos seus sentimentos. O bebê não está “chatinho”, “grudento” nem “manhoso”. Como a mãe é o seu mundo e representa sua segurança, e como a noção de permanência (ou seja, tudo que está longe do campo de visão) não está completamente estabelecida, essa angústia é muito acentuada. A maioria das conexões nervosas no cérebro são feitas na infância e a maneira com que lidamos com as emoções do bebê tem um efeito profundo em como essas conexões se refletirão na capacidade do bebê lidar com suas próprias emoções quando for adulto. Em outras palavras, experiências na primeira infância e interação com o ambiente são as partes mais críticas no desenvolvimento do cérebro da criança. (5)
O sistema de angústia da separação, localizado no cérebro inferior, está geneticamente programado para ser hipersensível. Nos primeiros estágios da evolução humana era muito perigoso que o bebê estivesse longe da sua mãe. Se não chorasse para alertar seus pais do seu paradeiro, não conseguiria sobreviver.
Então, quando o bebê sofre pela ausência dos seus pais, no seu cérebro ativam-se as mesmas zonas que quando sofre uma dor física. Ou seja, a linguagem da perda é idêntica à linguagem da dor. Não tem sentido aliviar as dores físicas, como um corte no joelho, e não consolar as dores emocionais, como a angústia da separação. Mas, infelizmente, é isso o que fazem muitos pais, por não conseguirem aceitar que a dor emocional de seu filho é tão real como a física. Essa é uma verdade neurobiológica que todos deveríamos respeitar.
O desenvolvimento dos lóbulos frontais inibe naturalmente esse sistema de angústia de separação.
É importante entender que o período "crítico" de desenvolvimento emocional e social ocorre nos primeiros 18 meses da criança. A parte do cérebro que regula as emoções, a amídala, é formada cedo de acordo com as experiências que o cérebro recebe. O desenvolvimento de um vínculo emocional, empatia e confiança, e todos os aspectos da inteligência emocional fornecem o fundamento para desenvolvimento de outros aspectos emocionais conforme a criança cresce. Então, nutrir emocionalmente e responsivamente o bebê é importante para que a criança aprenda empatia, felicidade, otimismo e resiliência na vida.
O desenvolvimento social, que envolve auto-consciência e capacidade da criança de interagir com outros, também ocorre em etapas. Por exemplo, compartilhar brinquedos é algo que um cérebro de uma criança de 2 anos não está completamente desenvolvido para fazer bem! Então não se zangue com seu filho menor de 2 anos que não quer dividir os brinquedos. Esta capacidade social é mais comum e positiva em crianças maiores de 3 anos.(6)
Então, se se a mãe tiver que se afastar do filho pequeno para trabalhar ou por outro motivo, muito carinho, conversa, paciência e coerência nas atitudes são necessários para que ele continue tendo confiança nela e supere esse período de crise. É também muito importante certificar-se que o bebê criou um vínculo afetivo com o outro cuidador. (7)
Alguns estudos detectaram alterações a longo prazo do eixo Hipotálamo-Hipófise- Adrenal do cérebro infantil devido a separações curtas, quando a criança fica aos cuidados de uma pessoa desconhecida. Esse sistema de resposta ao estresse é fundamental para nossa capacidade de enfrentar bem o estresse na vida adulta é muito vulnerável aos efeitos adversos do estresse prematuro. (8)
Algumas pessoas justificam sua decisão de deixar o bebê desconsolado como uma forma de “inoculação de estresse”, o que significa apresentar ao bebê situações moderadamente estressantes para que aprenda a lidar com a tensão. Aqueles que afirmam que os bebês que choram por um prolongado período de tempo só sofre um estresse moderado estão enganando a si mesmos, pois livrar-se do bebê ou não consolá-lo (durante o dia ou a noite, quando choram ou pedem mais mamadas ou colo do que o usual) pode resultar em efeitos adversos permanentes no cérebro da criança. Ela pode sentir pânico, o que significa um aumento importante e perigoso das substâncias estressantes no seu cérebro, podendo resultar em uma hipersensibilização do seu sistema de medo, o que lhe afetará na sua vida adulta, causando fobias, obsessões ou comportamentos de isolamento temeroso. (9).
Algumas idéias práticas para reduzir a Angústia de Separação no seu bebê estão no artigo prévio sobre retorno ao trabalho e sono do bebê (link:http://guiadobebe.uol.com.br/bb1ano/retorno_ao_trabalho_e_o_sono_do_bebe_como_fica.htm), como praticar separações rápidas e diárias, evitar a transferência de colo para colo e entender a ansiedade de separação como um sinal positivo.
Além disso, nessa fase, procure passar todo tempo possível com seu bebê, principalmente se trabalha fora. Separe os momentos logo após o reencontro do dia de trabalho para ter dedicação exclusiva a ele. Sente confortavelmente, faça contato olho no olho, amamente, interaja com seu bebê. Você pode estar cansada e estressada depois da longa jornada de trabalho, mas se conseguir um pouco de energia para receber seu bebê com alegria, você também se sentirá melhor após alguns minutos de uma reconexão significativa. Somente depois pense no jantar, no banho e outros afazeres. Considere promover proximidade na hora de dormir se suspeita que o bebê tem acordado mais a noite por estar passando por um pico de ansiedade de separação.
Outras mudanças
Alguns acontecimentos, como o nascimento de um irmãozinho/a, introdução de alimentos novos (veja dicas de alimentação que promove o sono no artigo -link:http://guiadobebe.uol.com.br/bb1ano/comer_bem_para_dormir_bem.htm), o retorno da mãe ao trabalho e entrada em creche (veja o artigo prévio sobre esse tema - link:http://guiadobebe.uol.com.br/bb1ano/retorno_ao_trabalho_e_o_sono_do_bebe_como_fica.htm), viagens, doenças, separação dos pais, atritos com coleguinhas, ausência de um ente querido e outros podem interferir no sono da criança. Tenha muita paciência e ofereça-lhe sempre segurança, assim, gradualmente, a rotina pode ser restabelecida.
Resumindo
Saltos de desenvolvimento e picos de crescimento são eventos diferentes e sua cronologia não se sobrepõe perfeitamente, embora possam ocorrer concomitantemente.
Picos de crescimento tem a ver com alimentação (o bebê quer comer mais, inclusive a noite!) e os saltos tem a ver com desenvolvimento (o bebê pode querer comer e dormir menos).
A angústia de separação é uma fase muito crítica, talvez a mais crítica no desenvolvimento do ser humano. A partir do momento que bebês tomam ciência do mundo ao seu redor eles começam a formar relações importantes com as pessoas em suas vidas, aprendem rapidamente que certas pessoas são vitais para sua felicidade e sobrevivência, e sofrem angústias quando essas pessoas aparecerem e desaparecerem. Isso tem influência direto no seu sono, principalmente se a mãe retorna ao trabalho ou promove um desmame (ou outro tipo de separação) quando o bebê está passando pela ansiedade de separação.
Todos os fenômenos são importantes e podem alterar o sono do bebê. Mas é confortante saber que carinho, apoio, amor, colo, empatia e amamentação em livre demanda, independente da fase que se encontra, é o que o bebê precisa.
UM PLÁ SOBRE PICOS DE CRESCIMENTO

Afinal, o que significa "Growth Spurt"?
Poderíamos traduzir (não literalmente) como PICO DE CRESCIMENTO.

É um fenômeno que ocorre nos bebês e, no qual, estes solicitam mais mamadas do que de costume. Estas necessidades geralmente duram de poucos dias a uma semana, seguido de um retorno ao padrão menor de mamadas.
A mãe costuma sentir como se não desse conta de produzir leite em quantidade suficiente para o Bebê.

Períodos comuns destes "picos de crescimento" ocorrem por volta dos:
7 - 10 dias;
2 - 3 semanas;
4 - 6 semanas;
3 meses;
4 meses;
6 meses;
9 meses (em torno)
Os picos de crescimento não param no primeiro ano. Podem ocorrer no decorrer do crescimento da criança, incluindo, por exemplo, a adolescência.

Quanto mais o bebê mamar = mais leite produzirá no seio.
Estimule ambos os lados, esvaziando um lado para que depois passe pro outro seio.
Confie em sua produção. Seios murchos não significam menos leite.
Boa parte do leite é produzido na hora da mamada.
É normal, durante o pico de crescimento, que o bebê mame HORAS seguidas.

UM PLÁ SOBRE SALTO DE DESENVOLVIMENTO
Bebês não se desenvolvem em um ritmo constante, e sim irregular.

No período que imediatamente antecede um salto de desenvolvimento o bebê repentinamente pode se sentir disperso à mudanças nos sistemas perceptivo e cognitivo que não foram adaptadas ainda no organismo.
Então na tentativa de readaptação, o bebê volta à base, ou seja, à mãe, o que reflete-se em períodos de maior carência afetiva, pedem mais colo, e com frequência afetam o sono e apetite.
Depois de algumas semanas essa fase difícil é superada, e o bebê demonstra ter habilidades novas.

Uma Cronologia aproximada dos períodos de crise é:
- 5 semanas / 1 mês
- 8 semanas / quase 2 meses
- 12 semanas / quase 3 meses
- 19 semanas / 4 meses e meio
- 26 semanas / 6 meses
- 30 semanas / 7 meses
- 37 semanas / 8 meses e meio
- 46 semanas / quase 11 meses
- 55 semanas / quase 13 meses
- 64 semanas / quase 15 meses
- 75 semanas / 17 meses

Nesse período, é esperado que o bebê:
- Procure ficar mais perto da MÃE, ou seja sua base de tudo, pois é o que ele conhece melhor;
- Fique mais carente, precisando de colo, segurança e orientação maternal de perto;
- Coma mal e durma pior;
- Pode pedir para mamar com mais frequência;
- Comece a fazer coisas que não fazia antes da crise tal como rir, sentar, engatinhar, interagir...
- Demonstre felicidade com o final da crise e superação do desenvolvimento adquirido.

Essa fase difícil passa, e tudo volta a normalidade, na mesma naturalidade que iniciou.
Então, durante as crises, é só ter um pouco de paciência, carinho, cumplicidade... que logo logo passa...
Fonte: Referência 1
Edição por Andreia Mortensen e Anna Arena - GVA

Referências:
1- Hetty van de rijt, Frans Plooij. The Wonder Weeks. How to stimulate your baby's mental development and help him turn his 8 predictable, great, fussy phases into magical leaps forward. Kiddy World Promotions B.V. 2010.

2- Lopes, R.M. F., Nascimento, R.F.L.; Souza, S. G.; Mallet, L. G.; Argimon, I.I.L. Desenvolvimento Cognitivo e motor de crianças de zero a quinze meses: um estudo de revisão. 2010. 
3- Piaget, J. & Inhelder, B. The Psychology of the Child. New York: Basic Books. 1962.

4- Thomas J., The Normal Newborn and Why Breastmilk is Not Just Food. Retirado do website da pediatra e consultora de amamentação. 2010.
5- Gopnik, A., Meltzoff, A.N., and Kuhl, P.K. The Scientist in the Crib: Minds, Brains, and How Children Learn. New York: William Morrow & Co. Inc. 1999
6- Shore, R. Rethinking the Brain: New Insights into Early Development. New York: Families and Work Institute. 1997
7- Margot Sunderland. The Science of Parenting. DK Publishing Inc. 2006.
8- Brummelte S, Grunau RE, Zaidman-Zait A, Weinberg J, Nordstokke D, Cepeda IL. Cortisol levels in relation to maternal interaction and child internalizing behavior in preterm and full-term children at 18 months corrected age. Dev Psychobiol. 2010 Oct 28.
9- Pantley. E. No-Cry Separation Anxiety Solution: Gentle Ways to Make Good-Bye Easy from Six Months to Six Years. McGraw-Hill, 2010.

Por Andréia C. K. Mortensen

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Exercicios Kegel

Se você está ou já esteve grávida, pode estar percebendo uma mudança em seus músculos pélvicos.
O peso do bebê e o trabalho de parto podem causar alguns efeitos sobre sua musculatura vaginal. Você pode até ter notado algumas incontinências urinárias quando ri ou tosse.
Bem não tema, porque para isso existem os Kegels!
Exercícios Kegel são fáceis de fazer, exigem quase nenhum esforço, e posso garantir que seus músculos pélvicos ficarão fortes e saudáveis por toda a vida.

O Que São Exercícios Kegel?

Exercícios Kegel foram introduzidos na década de 1940 pelo Dr. Arthur Kegel. Ele sugeriu estes exercícios para suas amigas depois de elas se queixarem de incontinência após o parto. Kegels agora são o sustentáculo de todos os exercícios na gravidez.
Exercícios Kegel trabalham para condicionar os músculos de seu pavimento pélvico, reforçando o seu útero e reto. Ele é o favorito das mulheres grávidas, pois pode facilitar significativamente o processo de parto, bem como aumentar a velocidade de cicatrização pós-parto. Exercícios Kegel exigem pouco esforço físico e são fáceis e seguros de realizar.
Os homens também podem realizar exercícios de Kegel para aumentar a força de seu assoalho pélvico.

Quais são os músculos do pavimento pélvico?

Embora isso possa soar estranho para você, os músculos de seu assoalho pélvico são, na verdade, uma parte muito importante da estrutura do seu corpo O pavimento pélvico é formado por uma larga rede muscular que se estende de um lado ao outro da pélvis. Ele oferece suporte aos seus órgãos pélvicos, incluindo seu intestino, bexiga, útero e vagina.

Quais são os riscos para quem tem os músculos do pavimento pélvico fracos?

Todos os homens e as mulheres estão em risco de se tiverem músculos fracos do pavimento pélvico. Por este motivo, todos devem tentar realizar exercícios Kegel regularmente. No entanto, algumas mulheres podem ter o risco aumentado. Os fatores de risco incluem:
* Gravidez
* Parto vaginal
* Obesidade
* Tosse crônica
* Cirurgia pélvica
* Menopausa

Complicações causadas por músculos do pavimento pélvico fracos

Após o parto, menopausa, ou cirurgia, muitas mulheres sofrem com os músculos do pavimento pélvico fracos. Fraqueza nos músculos está associada a uma série de complicações, incluindo:
* Incontinência urinária
* Sensação vaginal reduzida
* Prolapso uterino

Quais as Vantagens dos Kegels?

Embora muitas vezes as pessoas dizem "sem dor, sem ganho," Exercícios Kegel oferecem o máximo de benefícios sem exigir muito esforço. Os benefícios de fazer kegels durante a gravidez são aparentemente intermináveis. Podem ajudar a:
* Tornar mais fácil empurrar durante o trabalho de parto
* Tonificar os músculos vaginais
* Sara feridas de episiotomia
* Aliviar incontinência pós-parto
No entanto, os benefícios não são apenas limitados a gravidez. Praticar exercícios Kegel regularmente também pode ajudar a:
* Melhorar seus orgasmos
* Minimizar as chances de desenvolver hemorróidas
* Ajudá-la a evitar incontinência mais tarde na vida

Como Fazer os Exercício Kegels

Antes que você possa se tornar um mestre dos Kegels, primeiro você precisa localizar seus músculos do assoalho pélvico. É importante ter a certeza de que você está exercitando o músculo correto, ou você poderá causar mais danos do que bem.
Existem duas formas para localizar seus músculos do assoalho pélvico
1. Sentem-se sobre a privada e tente interromper o fluxo de sua urina. Se puder, então você está apertando os músculos do pavimento pélvico.

2. Deite no chão e coloque o dedo dentro de sua vagina. Aperte como se estivesse tentando parar de urinar. Se você se sentir um aperto em torno do seu dedo, então você localizou.

Fazendo os Exercícios Kegel

Realizar os Kegels é realmente muito fácil. Uma vez localizado os músculos pélvicos, apenas contraia-os. Segure essa contração por três segundos e, em seguida, solte. Relaxe por três segundos e continuar. Certifique-se de não estar contraindo as nádegas, pernas e estômago. Isto não vai ajudar a reforçar o seu pavimento pélvico e pode adicionar mais pressão sobre eles.

Tornando-se um Mestre nos Exercícios Kegels

Com a prática regular, você vai perceber que pode se tornar um mestre Kegel, em pouco tempo. É recomendado que você comece devagar: pratique cinco minutos por dia, durante alguns dias até que esteja pronta para aumentar suas repetições. Aumente gradualmente até conseguir fazer 15 minutos de kegels todos os dias.

Kegels em Qualquer Lugar!

Esteja você no chuveiro, assistindo um filme, ou sentado em frente do computador no trabalho você pode fazê-los. A melhor parte é que os exercícios de Kegel podem ser realizados em qualquer lugar.

http://gravidez.awardspace.com/kegels.html

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A Doula

O que significa "doula"

A palavra "doula" vem do grego "mulher que serve". Nos dias de hoje, aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes, durante e após o parto.

Antigamente a parturiente era acompanhada durante todo o parto por mulheres mais experientes, suas mães, as irmãs mais velhas, vizinhas, geralmente mulheres que já tinham filhos e já haviam passado por aquilo. Depois do parto, durante as primeiras semanas de vida do bebê, estavam sempre na casa da mulher parida, cuidando dos afazeres domésticos, cozinhando, ajudando a cuidar das outras crianças.
Conforme o parto foi passando para a esfera médica e nossas famílias foram ficando cada vez menores, fomos perdendo o contato com as mulheres mais experientes. Dentro de hospitais e maternidades, a assistência passou para as mãos de uma equipe especializada: o médico obstetra, a enfermeira obstétrica, a auxiliar de enfermagem, o pediatra. Cada um com sua função bastante definida no cenário do parto.
O médico está ocupado com os aspectos técnicos do parto. As enfermeiras obstetras passam de leito em leito, se ocupando hora de uma, hora de outra mulher. As auxiliares de enfermeira cuidam para que nada falte ao médico e à enfermeira obstetra. O pediatra cuida do bebê. Apesar de toda a especialização, ficou uma lacuna: quem cuida especificamente do bem estar físico e emocional daquela mãe que está dando à luz? Essa lacuna pode e deve ser preenchida pela doula ou acompanhante do parto.
O ambiente impessoal dos hospitais, a presença de grande número de pessoas desconhecidas em um momento tão íntimo da mulher, tende a fazer aumentar o medo, a dor e a ansiedade. Essas horas são de imensa importância emocional e afetiva, e a doula se encarregará de suprir essa demanda por emoção e afeto, que não cabe a nenhum outro profissional dentro do ambiente hospitalar.
O que a doula faz?
Antes do parto a ela orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto. Explica os procedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar, física e emocionalmente para o parto, das mais variadas formas.
Durante o parto a doula funciona como uma interface entre a equipe de atendimento e o casal. Ela explica os complicados termos médicos e os procedimentos hospitalares e atenua a eventual frieza da equipe de atendimento num dos momentos mais vulneráveis de sua vida. Ela ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto e parto, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens, relaxamento, etc..
Após o parto ela faz visitas à nova família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê.
A doula e o pai ou acompanhante
A doula não substitui o pai (ou o acompanhante escolhido pela mulher) durante o trabalho de parto, muito pelo contrário. O pai muitas vezes não sabe bem como se comportar naquele momento. Não sabe exatamente o que está acontecendo, preocupa-se com a mulher, acaba esquecendo de si próprio. Não sabe necessariamente que tipo de carinho ou massagem a mulher está precisando nessa ou naquela fase do trabalho de parto.
Eventualmente o pai sente-se embaraçado ao demonstrar suas emoções, com medo que isso atrapalhe sua companheira. A doula vai ajudá-lo a confortar a mulher, vai mostrar os melhores pontos de massagem, vai sugerir formas de prestar apoio à mulher na hora da expulsão, já que muitas posições ficam mais confortáveis se houver um suporte físico.
O que a doula não faz?
A doula não executa qualquer procedimento médico, não faz exames, não cuida da saúde do recém-nascido. Ela não substitui qualquer dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto. Também não é sua função discutir procedimentos com a equipe ou questionar decisões.
Vantagens
As pesquisas têm mostrado que a atuação da doula no parto pode:
diminuir em 50% as taxas de cesárea
diminuir em 20% a duração do trabalho de parto
diminuir em 60% os pedidos de anestesia
diminuir em 40% o uso da oxitocina
diminuir em 40% o uso de forceps.

Embora esses números refiram-se a pesquisas no exterior, é muito provável que os números aqui sejam tão favoráveis quanto os acima mostrados.

Fonte: Ana Cris Duarte
Doulas.com.br

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O GHUAPA se expande!

Agora somos um grupo de apoio ao Parto do Princípio, e para quem não conhece a rede PP aqui vai o LINK!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Parto pelo mundo

Três mulheres contam a experiência de dar à luz em países estrangeiros e confirmam: o Brasil é o país da cesárea – e do calor humano



Foto: Arquivo pessoal Ampliar
Giovanna e a mãe, Andreia: 25 horas em trabalho de parto nos EUA
Se você pudesse optar entre o parto normal e a cesárea, qual escolheria? A esteticista Andreia Pellegrino, de 29 anos, preferia o parto normal para ter sua filha Giovanna, hoje com seis anos. No Brasil, recordista mundial em número de cesarianas, é difícil encontrar uma mulher com a mesma preferência de Andreia. Mas ela tinha uma razão a mais para tal: enquanto aqui no Brasil, na rede particular médica, a porcentagem de partos realizados por cesariana é de 84%, nos Estados Unidos esse número diminui para 32%. E Andreia vive na terra do Tio Sam há dez anos.

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“Minha cabeça ficou muito ligada em deixar tudo acontecer naturalmente. Aqui todo mundo está mais acostumado a essa atitude”, conta a brasileira radicada nos Estados Unidos. Andreia manteve a determinação por toda a gestação – que acabou durando 42 semanas, quando a média normal é dar o bebê à luz na 38ª. “A Giovanna ficou no limite do limite dentro da minha barriga”, diz. E Andreia ficou no limite do limite da duração de um trabalho de parto: 25 horas.

“Os turnos das enfermeiras começavam e terminavam e eu continuava lá. Quando minha médica apareceu, eu disse a ela que não aguentava mais”, conta. Só aí o plano do parto normal foi por água abaixo e Andreia teve de fazer uma cesariana. Ela responsabiliza a falta de acompanhamento médico adequado: “segundo o pré-natal, minha filha estava com pouco mais de três quilos, quando na verdade ela tinha mais de quatro e eu sou muito pequena. Durante as duas últimas horas do trabalho de parto, ela nem se mexeu”. Com isso, Andreia passou a primeira semana pós-parto no hospital, sentindo muita dor na região do corte. “Não sei se meu bebê era muito grande ou se realmente os médicos de lá não tinham tanta experiência com a cirurgia como existe no Brasil”, questiona.

Implorando pela cesárea

A experiência de ter um filho na Itália deu à fisioterapeuta Renata Peres, de 39 anos, uma certeza: a experiência com cirurgia entre os obstetras de lá é bem escassa. Morando na província de Pordenone há três anos, ela engravidou em 2007. “Não era planejado, e eu não consegui voltar para o Brasil a tempo para dar Laura à luz aqui. Como em toda a Europa a tendência é passar pelo parto normal, eu queria voltar”, diz. Renata já havia passado pela primeira gravidez e teve dificuldades na hora do primeiro parto – cesárea, pois ela não teve nenhuma contração ou dilatação. E não queria de jeito nenhum ter o segundo bebê por parto normal.

“Lá eles são contra a cesárea e estimulam o parto normal por até dois dias. Eu tinha medo de correr o risco de perder o filho”, explica Renata. Com isso, ao saber da gravidez, procurou por um ginecologista particular para realizar o pré-natal. Como ele não poderia fazer o parto, escreveu uma carta aos médicos da saúde pública italiana explicando o histórico dela. Somente por esta razão a cesárea foi realizada. Mas eles tentaram convencê-la a encarar o parto normal até o dia do nascimento de Laura: “Eles achavam frescura fazer cesárea. Eu já estava entrando na 39ª semana e não dava mais para esperar. Só aí autorizaram”. Mas foi uma experiência traumática para a mãe.

Itália arcaica

“O protocolo seguido por lá foi de uma mentalidade arcaica”, diz Renata. A sonda foi colocada a sangue frio e se passaram intermináveis 40 minutos até ela ser levada à sala de parto. Laura nasceu em 25 minutos e chegou ao mundo muito bem. Mas, segundo ela, as preocupações com o bebê não são proporcionais ao cuidado com a mãe: “Depois de aplicar a anestesia, eles querem tirar o bebê o mais rápido possível da barriga. E eles não gostam de dar muita anestesia, então no final do parto eu tive que pedir por mais”.

Mesmo depois de dar à luz, Renata teve mais um pouco de sofrimento: “com a cesárea, você fica cinco dias de repouso no hospital. Eles só me deixaram comer depois do segundo dia. Até lá, só recebi soro”. A razão alegada era a possibilidade de sentir ânsia, vomitar e, com isso, estourar os pontos da cicatriz na barriga. “É totalmente fora da realidade, eu senti muita fome”, diz. Depois de voltar pra casa, os problemas continuavam. A cicatriz deixada pelo parto acabou inflamando e, além de muita dor, ela começou a ter febre. “Eu certamente havia pegado uma infecção. Mas quando voltei à maternidade, disseram que era reação dos pontos internos e não me deram antibiótico”, conta.

Após voltar ao hospital quatro vezes – e não receber nenhuma ajuda pela infecção –, Renata teve 41 graus de febre e recorreu novamente ao ginecologista particular. “Quando ele viu, confirmou: eu poderia ter tido uma infecção generalizada”, diz. Com a receita do antibiótico em mãos, em três dias ela já estava melhor. “Jamais teria filho na Itália novamente. Quando voltei ao Brasil, a minha ginecologista afirmou que esse protocolo era seguido quando ela se formou na universidade. E ela tem 60 anos”, explica.


Foto: Guilherme Lara Campos/Fotoarena Ampliar
Maria Theresa, Maria Cecília e Camila: a primeira nasceu na França, a segunda nos EUA
Acolhimento francês

Já na França, a professora de francês Maria Cecília Meira Moreira, de 45 anos, teve uma experiência completamente diferente. Aos 32 anos, morava na cidade de Tours com seu marido e engravidou de Maria Theresa, hoje com 13 anos: “Eu fiquei um pouco aflita no começo, porque não sabia se me sentiria bem acolhida com o tratamento do médico, mas o sistema de seguro social francês dá muito apoio e me surpreendi”. Segundo ela, foi possível ficar de repouso por uma semana na clínica onde deu à luz pela primeira vez – caso bem raro para um parto normal sem dificuldades, como foi o seu.

Maria Theresa nasceu em três horas. A cesárea só seria realizada se fosse para assegurar a saúde da mãe ou do bebê. Como ela já preferia o parto normal, não teve problemas: “Eu acho uma loucura aqui termos a preferência pela cesárea. A mulher melhora com muito mais rapidez depois de um parto normal”, opina.

Embora não tenha tido filhos no Brasil, Cecília sabe da atmosfera de calor humano em torno de uma gravidez aqui. “Os médicos brasileiros ligados à ginecologia são muito mais afáveis, conversam, estão mais ao seu lado do que lá”, conta. Para ela, um tratamento caloroso sem dúvida é melhor. E não foi somente na França que a professora sentiu falta deste lado brasileiro de ser: quando engravidou pela segunda vez, agora nos Estados Unidos, ela sofreu com a impessoalidade médica. “No pré-natal, cada vez eu via um médico diferente. Na hora do parto, veio uma médica que eu nunca tinha visto”, diz. E a médica desconhecida fez o parto de Camila, hoje com nove anos.

Indiferença médica e atenção financeira

Andreia confirma a falta de atenção experimentada por Cecília nos Estados Unidos. “A minha médica nunca chegou a passar um número de celular e as enfermeiras ficam muito mais perto de você na hora do parto do que o médico mesmo”, conta. Ela tem um ginecologista na família no Brasil e define a diferença: “aqui, o médico não perde muito tempo com você”. Por outro lado, ela contou com um programa do governo para quem tem baixa renda e não pagou por nada durante a gravidez. “Pude escolher entre diferentes clínicas para o pré-parto, e o governo cuidava da parte financeira”, explica.

Na França, Cecília passou pelo mesmo e o seguro social do governo cobriu os gastos. Renata, na Itália, acabou pagando por um médico particular durante toda a gestação, mas na hora do parto foi para uma maternidade pública, para ter o filho com o médico de plantão – como nos Estados Unidos. “O hospital público da Itália parece o hospital particular daqui”, afirma. “Mas, segundo meu ginecologista de lá, os médicos italianos vêm ao Brasil para fazer curso de cesárea. Os ginecologistas e obstetras daqui são muito bem vistos lá fora”, completa.

Vinho X calor brasileiro

Renata não pôde contar com a presença do marido na sala de parto. O protocolo italiano não permitia acompanhantes. “Isso me deixou bem frustrada. Aqui, eles encorajam a presença do marido. Faz bem para a mãe”, compara. Já na França, a mãe de Cecília estava presente na clínica durante o parto e pôde ver a filha logo após o nascimento da neta. “Eles até ofereceram vinho para ela, em vez de água”, relembra.

Hoje, Cecília teria filhos novamente na França – mas não sairia do Brasil para isto: “Eu teria um ótimo atendimento aqui”. Andreia também não hesitaria em ter outro filho nos Estados Unidos. Mas já encontrou o equilíbrio perfeito entre o calor nacional e a estrutura estrangeira. “Hoje em dia eu conheço uma médica brasileira e a indico para todo mundo. Ela passa o telefone da casa dela, responde todas as perguntas e dá muito mais atenção que os médicos daqui”.

Renata Losso, especial para o iG São Paulo | 06/03/2011 09:28

Fonte:  http://delas.ig.com.br/filhos/parto+pelo+mundo/n1238135031737.html

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Curso de Doulas - Vidapora

Este curso será oferecido pelo Vida Porã, no site do grupo e também pelo telefone você pode obter maiores informações, ele será pago e está sendo administrado também por uma de nossas colaboradoras a Marcela Flueti.